Questões de responsabilidade ambiental das empresas ligadas ao agronegócio brasileiro têm sido pauta nos últimos meses nas rodas de discussões da imprensa e mercado em geral. A cadeia produtiva da carne e toda a sociedade têm acompanhado a preocupação dos frigoríficos em certificar os seus fornecedores evitando colaborar com a pecuária que desmata ilegalmente e coloca em dúvida a qualidade do produto que está sendo adquirido pelo consumidor final.
Mas não podemos deixar de falar de outro fator que interfere diretamente na qualidade da carne: o bem-estar animal. O manejo pré-abate é tão importante quanto as técnicas de inseminação, criação e abate dos bovinos, já que falamos em uma matemática simples - a forma como o animal é tratado é diretamente proporcional à qualidade da carne que ele irá produzir. Conforme estudos já bem aceitos, sabe-se que aproximadamente 50% das lesões de carcaça detectadas nos frigoríficos são originadas na fase de produção e de transporte.
Muitas propriedades e frigoríficos já se atentaram a isso e estão investindo em capacitação e profissionalização dos vaqueiros e outros manejadores, além de implantar técnicas e equipamentos que contribuam com o bem-estar - não só dos animais, como de todos os envolvidos nos processos produtivos das propriedades. Além disso, o bem-estar animal se tornou uma exigência crescente e irreversível no mercado internacional e os próprios consumidores estão mais atentos aos processos utilizados na produção da carne e dos alimentos em geral.
Entretanto, é preciso aceitar o fato de que os procedimentos de marcação, castração, vacinação, medicação, inseminação artificial e tantos outros, têm que ser feitos, já que são práticas usuais e indispensáveis na pecuária de corte. E não existe outra forma de executá-los sem fazer a contenção ou imobilização do animal. O sistema de pecuária predominante no Brasil é o extensivo, de criação a pasto em grandes extensões, onde quase sempre os animais são ariscos, com pouco contato com as pessoas. Infelizmente muitos pecuaristas ainda trabalham com métodos antigos e brutais para contenção bovina, utilizando peão e corda, ou seja, laçando, derrubando e amarrando o animal para imobilizá-lo, com risco total de feridas, fraturas e outras lesões graves, sem contar os riscos que os vaqueiros correm, de uma chifrada ou de um coice, que podem inutilizar a pessoa pelo resto da vida.
Apesar deste tipo de manejo ainda persistir em algumas propriedades, hoje, o conceito de contenção técnica é melhor aceito. O animal é imobilizado pelo Tronco de Contenção de forma segura e os peões podem realizar as práticas necessárias da rotina pecuária, evitando assim, acidentes para o vaqueiro e para o próprio animal. Nesse sistema, há uma redução de praticamente a zero no risco de lesões no animal. Ele entra caminhando no Tronco e sai da mesma forma. Todos ganham – o produtor, o vaqueiro e o animal.
O uso do Tronco de Contenção industrial constitui parte importante do que se chama hoje de manejo racional, que busca reduzir ao mínimo o stress do animal, com tratamento mais humanizado e com respeito às normas internacionais de ética e bem-estar animal. O resultado final trará menores perdas, melhor qualidade de carcaça e maior valor agregado ao produto, além de consumidores satisfeitos no final da cadeia.
Criar nos produtores a preocupação com o bem-estar animal e o manejo adequado é tão importante quanto solidificar a rastreabilidade da carne. Afinal, falamos em qualidade e respeito ao homem, ao animal e ao consumidor. E não é difícil tornar os procedimentos de manejo mais eficientes. A contenção no Tronco traz vantagens evidentes, como a redução do stress, já que todos os procedimentos são feitos de uma só vez, incluindo a opção de pesagem eletrônica, leitura e inserção de dados em programas de gerenciamento pecuário.
Já existem muitas recomendações técnicas orientadas ao manejo racional, e originadas da aplicação da etologia bovina, que é a ciência que estuda o comportamento dos bovinos. Por exemplo, tem se tornado cada vez mais comum o curral circular, porque a visão dos bovinos não é bem adaptada para enxergar bem os cantos. Para uma rês, cantos parecem saídas e isso leva a amontoamentos, agitação desnecessária e stress.
Outra técnica que lentamente vai se difundindo, é o manejo sem gritos, agressões e excesso de ruído. Por exemplo, um tronco de contenção construído predominantemente com madeira, e com aço apenas nas partes indispensáveis, como nos comandos, guilhotinas, alavancas etc, provoca menos ruído do que os troncos e bretes produzidos inteiramente em chapa, extremamente ruidosos quando em uso. Sabe-se que o animal tratado com calma, tende a ser calmo.
É evidente que estamos falando de técnicas a serem implantadas progressivamente, isso implica em adaptações de instalações, capacitação de equipe e sobretudo, de mudança de mentalidade. É um processo gradual.
O Brasil possui um amplo leque de opções para o produtor que deseja implantar em sua propriedade, técnicas de manejo adequado. O importante é que os diversos elos da cadeia produtiva da carne incentivem os pecuaristas para atitudes em prol do bem-estar animal. Será e já está sendo um important
|