Zona de fuga
O sucesso da lida depende de uma relação sem medo entre homem e animal. A princípio o gado é arisco ao contato humano, mas com manejo adequado o vaqueiro consegue se aproximar do gado e interagir com o lote ainda no pasto. A distância entre os dois é a medida da zona de fuga. Conhecê-la e saber diminuir a distância de segurança para o gado torna-se um instrumento bastante útil na lida diária.
Os primeiros contatos devem ser feitos com vaqueiro a cavalo. Ele deve parar no meio dos animais e deixar que eles se aproximem. Se a área determinada pelos animais – a zona de fuga – for violada, o rebanho se dispersa. Com a repetição da aproximação durante os dias de manejo, os animais ganham confiança e diminuem esta área.
O segundo passo é descer do cavalo, depois que os animais estiverem acostumados ao manejo. Sem correria nem movimentos bruscos, o vaqueiro consegue até mesmo laçar uma rês sem a necessidade de atirar a corda, bastando colocar o laço no pescoço do animal.
Movimentação do rebanho
Conhecendo a zona de fuga e o ponto de equilíbrio do bovino (fig. 1), o vaqueiro pode movimentar o rebanho na direção que desejar. O gado, naturalmente uma presa, tende a fugir para o lado contrário do perigo. Instintivamente, ele vai para o lado contrário do homem. Se a intenção é levar o gado para a direita, deve-se caminhar para a esquerda e entrar um pouco na zona de fuga – o suficiente para o rebanho caminhar sem se dispersar (fig. 2). Quando se anda na mesma direção dos animais – por exemplo, por trás –, o gado caminha mais devagar. Ele precisa parar, virar o pescoço e reconhecer o quê se movimenta em sua direção. Ao se caminhar no sentido contrário, eles aceleram o movimento. Este é o chamado ponto de equilíbrio, que é medido na cruz do animal. Se o homem estiver atrás do ponto, a rês caminha para frente. Se estiver na frente do ponto, o bovino vai para trás. Com estes princípios, o vaqueiro consegue manejar o rebanho de forma ordenada e sem correria, do pasto ao corredor.
Bandeirola
Um instrumento que ajuda nesse manejo calmo de condução dos animais é a bandeirola – desde que utilizada de forma correta, aplicando os conceitos de zona de fuga e ponto de equilíbrio.
Com custo praticamente zero, ela pode ser feita com varas de bambu da altura do ombro do tratador e com sacos vazios de ração ou sal mineral.
A prática é eficiente e substitui o uso de ferrão, choque e outros objetos comumente relacionados a agressão. O resultado é um trabalho mais rápido e seguro, além de animais mais dóceis à lida no curral.
A bandeirola deve ser usada como uma extensão do braço. O movimento é o mesmo que os peões fazem com o chapéu para chamar a atenção do rebanho, impedir a passagem do gado ou defender-se de um ataque. Ela nunca deve ser usada para cutucar o animal, para evitar que o gado ligue a ferramenta a agressão.
Fonte: Artigo da Dra. Temple Grandin, pesquisadora em comportamento animal e manejo racional de bovinos da Universidade de Iowa, EUA:
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