A desmama, que ocorre após seis a oito meses de vida do bezerro, costuma ser estressante para o animal, reduzindo seu ganho de peso durante a recria e afetando sua imunidade, o que o deixa mais vulnerável a doenças.
A separação, quando feita de maneira abrupta, também pode afetar o desempenho da vaca. É comum, quando mãe e cria são colocados em pastos distantes, que ambos vocalizem e caminhem muito, o que reduz o tempo de alimentação, ruminação e descanso.
Alguns produtores optam por colocar os animais em áreas muito distantes, de forma que não possam se ouvir. Porém, mesmo que o bezerro seja mantido na área em que já estava acostumado, para minimizar os efeitos da separação, essa técnica reduz o desempenho esperado na recria.
Também é comum o uso de vacas de descarte como madrinhas. Entretanto, segundo pesquisa da Universidade de Saskatoon (Canadá), essa técnica não gera os efeitos esperados. O comportamento dos bezerros acaba sendo igual ao da separação total. A mesma universidade descobriu que a divisão de lotes em dois, trocando bezerros e mães, também não é funcional, já que os animais ficam procurando seus pares em meio ao rebanho.
Alternativas
Um estudo da Embrapa-CNPGC aponta que vacas e bezerros ficam mais tranqüilos, desde os primeiros dias, quando são colocados lado a lado, separados apenas por uma cerca resistente, mantendo o contato visual. Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia-Davis descobriu que bezerros manejados assim chegam a ganhar até 30% mais peso nas dez semanas subseqüentes à desmama do que aqueles que foram manejados de forma tradicional.
Já a separação em dois estágios mostrou-se melhor do que a desmama com visualização. No primeiro estágio, que dura de quatro a sete dias, usa-se uma tabuleta para evitar que o bezerro mame; no segundo os animais são separados.
Um estudo (Haley et al., 2005) apontou que bezerros manejados assim têm, no primeiro estágio, comportamento igual aos que não usaram a tabuleta – alimentam-se da mesma forma e não vocalizam. Após a separação, o índice de vocalização, na comparação com a separação abrupta, cai 85%; o tempo caminhando cai 80%; o alimentando-se é 25% maior, e o descansando, 24%. O ganho de peso após sete dias é significativamente maior. A dificuldade desse manejo é colocação e retirada das tabuletas, principalmente em lotes maiores.
Outra técnica interessante é a desmama controlada – os bezerros, apartados, são colocados para mamar duas vezes ao dia, de manhã e à tarde. Durante o aparte eles devem ficar em um pasto com capim bem tenro. Embora ainda não haja avaliações científicas sobre esse manejo, pecuaristas que o adotam se dizem satisfeitos com os resultados. Como a desmama é mais suave para os bezerros, já que o afastamento das vacas é progressivo e eles são estimulados a pastar, ganham peso ao mesmo tempo em que as vacas conseguem recuperação corporal.
Cuidados na desmama
Evite práticas como aplicação de vermífugos e vacinas e castração na desmama. O ideal é fazê-las 4 semanas antes;
Cheque os bezerros com freqüência. Os doentes devem ser isolados durante o tratamento;
Evite estresse, como transporte, após a desmama. Se viagens forem necessárias, devem ser o menos estressantes possível;
Os piquetes devem ter sombra e proteção contra ventos;
Mantenha um rígido manejo sanitário preventivo, com vacinação e controle parasitário.
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