A venda de leite sempre representou a maior fatia da receita das fazendas, sendo complementada pela comercialização de animais e de outros eventuais subprodutos. Durante muito tempo, o preço do leite foi determinado, fundamentalmente, pelo volume entregue. Os sistemas de pagamento do leite pelo diferencial de qualidade vêm crescendo rapidamente no País, acompanhando o que acontece, há muitos anos, nos principais países produtores e exportadores de lácteos do mundo.
O nível de sólidos no leite (gordura e proteína) e a baixa contagem de células somáticas (CCS) e bacteriana (CBT) são as principais variáveis da matéria-prima que influenciam no rendimento industrial, nas características organolépticas e no prazo de validade do leite e dos seus principais derivados lácteos industrializados.
Desta forma, a qualidade do leite exerce forte influência no resultado econômico e, por conseqüência, nos ganhos de cada elo desta cadeia agroindustrial.
A proteína é o sólido mais nobre do leite, seja pelo seu elevado valor, ou pela sua importância para o rendimento de queijos, iogurtes, leite em pó, entre outros. Sua produção é determinada, basicamente, pela quantidade de leite (kg de leite) e pelo nível de proteína (% de proteína) presente na matéria-prima.
Sendo assim, o incremento máximo da quantidade de proteína produzida é obtido através do aumento simultâneo da quantidade de leite e do nível de proteína presente. As principais variáveis que influenciam na produção de proteína no leite são a nutrição, o melhoramento genético, o manejo e o ambiente.
Na Holanda, por exemplo, vem-se trabalhando com melhoramento genético há 60 anos, buscando o aumento na quantidade de leite e no percentual de proteína. Os resultados abaixo exemplificam o progresso genético alcançado na raça holandesa.
Os resultados obtidos na Holanda demonstram que é possível elevar significativamente o nível de sólidos do rebanho trabalhando-se com seleção genética dentro da raça holandesa.
Para tanto, o melhoramento genético deve visar uma elevação simultânea da produção de leite, do nível e quantidade de proteína, optando-se pela escolha de touros com os seguintes perfis listados abaixo:
1)Positivos para kg de leite e positivos para % de proteína e/ou
2)Positivos para kg de leite e positivos para e kg de proteína.
Para exemplificar os efeitos práticos da utilização de touros com diferentes perfis de produção de leite e de sólidos, calculamos a seguir os resultados esperados com a utilização de três touros diferentes em um rebanho com produção inicial média de 8.200 kg de Leite (em 305 dias), com 3,70% de Gordura e 3,25% de Proteína.
Como era de se esperar, as filhas do Touro C vão apresentar um ligeiro crescimento na produção de leite, com redução significativa no nível (% e/ou kg) de sólidos (G e P). Por outro lado, filhas do Touro A vão produzir muito mais leite, com ligeira redução no nível percentual de sólidos e aumento na quantidade de G e de P. Finalmente, filhas do Touro B mostrarão ligeiro aumento da produção de leite, com significativa elevação no nível e na quantidade de sólidos (% ou kg G e de P).
Os resultados acima demonstram que:
1)Deve-se evitar a utilização de touros negativos para sólidos (nível e quantidade), independentemente da característica do mercado onde se esteja trabalhando, ou seja, havendo ou não o diferencial de recebimento pelo nível e quantidade de sólidos;
2) Touros com elevado mérito genético para kg de leite, kg de gordura e kg de proteína podem gerar resultados excelentes em ambos os mercados que pagam ou não o diferencial de qualidade de sólidos;
3)Touros com elevados méritos genéticos para nível e quantidade de sólidos, mas com produções medianas de leite, são muito interessantes nos mercados que buscam a elevação no nível e na quantidade de sólidos produzidos.
O aumento da lucratividade do processo produtivo leiteiro está condicionado à geração de filhas mais produtivas, do ponto de vista de volume de leite e principalmente com um maior nível e quantidade de sólidos.
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