Na hora de vacinar o rebanho, o produtor precisa levar em consideração o manejo adequado para não perder tempo nem dinheiro. Como a vacina não pode ser exposta ao sol, o manejo deve ser sempre em local coberto, para evitar a inutilizarão do produto. Além disso, a aplicação deve ser feita no terço médio do pescoço, logo à frente da ponta da paleta.
A vacinação com o animal contido a laço, ou no brete coletivo (corredor), diminui as chances de eficácia da vacina. O estresse pode provocar aumento de até dois terços na produção de cortisol, o que impede que o sistema imunológico do animal responda adequadamente à vacinação.
A aplicação no brete coletivo colabora para o nervosismo do rebanho, muitos animais acabam pulando e pisoteando outros mais fracos. Nesse caso, além de machucar o animal, o trabalho precisa ser incessantemente interrompido. Soltos no corredor, há ainda o risco de quebra da agulha, sangramento e refluxo da vacina, por causa dos movimentos constantes dos animais, sem contar os acidentes com os vacinadores.
“Toda ação a se tomar com o animal passa pela contenção. A questão é saber fazê-la de maneira correta”, diz o médico veterinário e consultor em manejo racional Renato dos Santos. “A melhor opção é vacinar o gado um a um no tronco de contenção. É bom para o animal, que sofre menos, é bom para o vaqueiro, que não fica exposto a riscos como chifradas ou coices, e é bom para a sanidade animal, já que contribui para a efetiva imunização do rebanho”, completa.
Ao contrário do que muitos pensam, o manejo no tronco de contenção leva o mesmo tempo que no brete coletivo, é mais eficiente e mais barato. A conclusão é do Etco (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal), da Unesp/Jaboticabal (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/SP), coordenado pelo professor Mateus Paranhos da Costa (veja tabela).
O tempo médio gasto para vacinação no tronco é menor que o gasto no brete: 9,3 segundos contra 10,2 segundos por animal. No brete, as interrupções para socorrer acidentes, como levantar animais que caíram, acabam por prolongar o tempo de trabalho. Além disso, os riscos de quebra de equipamento e perdas de vacina são muito menores no tronco, reduzindo os gastos finais da vacinação. Sem contar as perdas no frigorífico por lesões vacinais causadas por aplicações incorretas.
Do modo como é feita em muitas propriedades, a vacinação é mais um ônus do que um investimento em sanidade animal. Para não jogar dinheiro fora com aplicações errôneas, o produtor deve rever seu manejo e corrigir as falhas na hora da vacinação. “A resposta é imediata. Quem parte para a racionalização na lida com o gado não volta atrás”, finaliza o veterinário.
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