A agropecuária é uma atividade de grande importância econômica no Brasil, que ocupa extensas áreas do território nacional e é responsável por cerca de 40 % do PIB nacional e 20 % do emprego do Brasil. O mercado atual exige um profissionalismo da atividade pecuária, pois, com o mercado cada vez mais competitivo, o produtor se obriga cada vez mais a intensificar e tecnificar, isso devido ao aumento considerável no valor dos insumos e o capital do bem imobiliário (fazenda).
Sabemos que o valor da terra representa um custo relativamente alto em relação à rentabilidade da atual pecuária brasileira, com índices zootécnicos gerais muito aquém do ideal. Sendo assim, o produtor deve explorar ao máximo o potencial da propriedade. Com a produção em escala, há um aumento de produção sem crescimento de custos fixos diretamente proporcionais, aumentando-se, assim, os resultados e rentabilidade da propriedade.
Diversas práticas de manejo podem ajudar a incrementar os índices reprodutivos, uma vez que a fertilidade é a característica que tem maior impacto econômico dentro de um sistema de produção em pecuária. Fertilidade é a capacidade dos indivíduos de se reproduzirem. O ideal é que a novilha emprenhe no início da maturidade sexual e tenha um intervalo entre partos em torno de 12 meses (nove meses de gestação, 45 dias de puerpério e 45 dias para que ela possa emprenhar).
O atraso na manifestação do primeiro cio pós-parto (anestro) é uma das principais causas do baixo desempenho reprodutivo da pecuária de corte e está relacionado a alguma inadequação no sistema de produção, ou seja, falhas de manejo, muitas vezes com pouca ou nenhuma seleção genética.
Algumas estratégias como técnicas de desmame, suplementação e tratamentos hormonais poderão ser utilizados para se aumentar a eficiência reprodutiva, diminuindo o intervalo entre partos e proporcionando um número maior de bezerros nascidos em um menor espaço de tempo.
Seguem abaixo algumas estratégias para aumentar o número de vacas prenhas na fazenda.
IATF (Sincronização de ovulação)
A sincronização de ovulação, mais conhecida como IATF (inseminação artificial em tempo fixo) é uma ferramenta extremamente interessante que veio para revolucionar a pecuária nacional, mas desde que usada de forma criteriosa. A IATF é o procedimento no qual se submete o animal a determinados hormônios com intuito de se promover a ovulação, podendo inseminar todos os animais da propriedade sem a necessidade de observação de cio, que, sem dúvida alguma, é o maior gargalo da inseminação artificial em todo o mundo.
Muitas vezes, o produtor acaba cometendo enganos em relação ao uso dessa técnica. Vale ressaltar que sincronização de cio e sincronização de ovulação são coisas distintas, a sincronização de cio só terá efeito em animais que estão ciclando regularmente, em animais acíclicos, ou seja, as vacas que não estão apresentando cio o protocolo de sincronização de cio não será eficiente.
A sincronização de cio consiste na aplicação de um agente luteolítico para regressão do Corpo Lúteo, o qual produz progesterona, hormônio responsável pela manutenção da gestação, que, quando presente, impede que o animal cicle e possa ovular novamente. Esse protocolo deverá ser feito entre o 5° e o 15° dia do ciclo estral.
Os animais provavelmente apresentarão cio em torno de dois dias após a aplicação da prostaglandina ou análogos (agentes luteolíticos), lembrando que é necessária a presença de uma pessoa observando o cio e ajustando o horário da inseminação artificial 12 horas após o animal aceitar a monta.
Já o protocolo de IATF (sincronização da ovulação) terá efeito em vacas cíclicas e acíclicas (anestro), e todos os animais serão inseminados com hora marcada, dispensando a observação de cios. O ponto-chave dessa técnica é que o produtor pode inseminar todos os animais, independente de estarem ciclando ou não, e o mais interessante é que os animais que não conceberam a essa inseminação poderão novamente ser inseminados com o uso da observação estratégica de cios (entre o 18˚ e 25˚ dia após o uso da IATF), ou colocados com touros para repasse, pois até mesmo os animais em anestro (não estão apresentando cio) serão re-sensibilizados devido à aplicação de hormônios exógenos sintéticos do protocolo de IATF o que proporcionará que esses animais retomem a atividade reprodutiva, maximizando o número de vacas prenhes no primeiro mês da estação de monta.
Dessa forma, podemos maximizar o número de vacas prenhes no primeiro mês da estação de monta. O longo período para retorno ao cio tem sido o responsável por muitos dos insucessos de programas pecuários no Brasil.
Para que se alcance bons resultados com a utilização dessa técnica, é imprescindível que o produtor adquira sêmen sempre de empresas idôneas, mantenha o rebanho em uma boa condição nutricional sanitária e que o produtor esteja apoiado em uma boa assessoria técnica para apartação dos lotes, pois cada categoria animal exige um protocolo diferenciado. Os protocolos só deverão ser alterados após uma criteriosa análise feita pelo médico veterinário, pois encontramos no mercado alguns fármacos com a mesma função, mas que apresentam tempos de absorção e excreção diferentes, o que poderá interferir na taxa de concepção.
SHANG (mamada interrompida)
Estudos comprovam que a presença do bezerro, assim como a sucção do leite, tem efeitos inibitórios na liberação de hormônios essenciais para que o animal possa receber uma nova concepção. A técnica de desmame temporário é fácil e de baixo custo, apresentando uma melhora significante na fertilidade e acelerando a chegada do primeiro cio pós-parto.
Nessa técnica, os animais, de no mínimo 45 dias, devem ser apartados das mães entre 48 a 72 horas, de forma que a mãe não veja, não escute e não sinta o cheiro do bezerro. Após 24 horas da separação, ocorre aumento gradual na liberação do hormônio LH (hormônio luteinizante), que é um dos requisitos essenciais para o restabelecimento dos ciclos estrais, desde que a matriz esteja em boas condições.
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