A tecnologia está presente nas mais diversas áreas de trabalho. Já faz parte de nosso cotidiano e é uma das responsáveis pelo sucesso de muitas atividades. Lembro-me bem há alguns anos atrás, quando o telefone celular era algo raro. Olhava-se torto para alguém que atendia uma chamada no celular em lugar público. Hoje é algo usual. Graças a essa tecnologia, muitas decisões são tomadas no momento certo, negócios são fechados em trânsito ou mesmo pessoas encontradas no momento oportuno. Usado corretamente, o celular traz inúmeros benefícios em nossas vidas, mas também pode ser fonte de grandes problemas se usado de forma inadequada. É assim para várias outras áreas e exemplos.
A palavra tecnologia é definida pelo dicionário como a aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral. No meio pecuário, a ciência animal tem promovido grandes evoluções no sentido de aumentar a eficiência de sistemas de produção.
Na área da genética e reprodução animal, o desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas tem sido constante, gerando importantes benefícios para o produtor. Exemplos disto são as técnicas de inseminação artificial, a palheta fina, o sêmen sexado, as avaliações genéticas, os sumários de reprodutores, os acasalamentos dirigidos com base em informação genética e tantos outros produtos e serviços que, usados de forma adequada, agregam enormes resultados aos sistemas de produção.
Um assunto recente que tem despertado o interesse e curiosidade do meio pecuário envolve os marcadores genéticos. Essa nova tecnologia tem sido objeto de inúmeras pesquisas e utilizada como forma de contribuir para o melhoramento genético de rebanhos.
Mas afinal, o que são marcadores genéticos? Eles substituem as avaliações genéticas? O que é seleção genômica? Como os marcadores são utilizados em programas de melhoramento genético? Qual o nível de segurança que se pode ter com o uso dessa tecnologia? São perguntas comuns e importantes para que conheçamos e utilizemos esse novo recurso em benefício da produção animal.
Procuramos com este artigo esclarecer alguns conceitos importantes e demonstrar como a CRV tem aplicado a técnica de marcadores genéticos em seu trabalho de seleção, gerando verdadeiras revoluções em seu programa de melhoramento.
ALGUNS CONCEITOS EM GENÉTICA MOLECULAR
A genética molecular envolve o uso dos marcadores. Os cromossomos são as estruturas responsáveis por carregar o código genético de um indivíduo. O cromossomo é formado por uma longa fita de DNA, que contém os genes. Cada gene possui uma função específica nas células de um ser vivo. Os genes são os responsáveis pelas diferenças genéticas entre os animais.
Existem características que são influenciadas por um grande volume de genes, dispostos em várias posições do DNA, como produção de leite por exemplo. Essas características são denominadas características quantitativas. Também há características que são influenciadas por poucos genes ou até mesmo um único par, como o defeito genético CVM (complexo de mal formação vertebral), bem conhecido na pecuária de leite.
Os marcadores genéticos são testes que identificam determinadas regiões no DNA animal. Dessa forma, um marcador que esteja muito próximo de um determinado gene tem a mesma chance de ser transmitido à progênie do animal.A seleção genômica, por sua vez, é a seleção de animais realizadas com o auxílio dos marcadores.
ALGUNS CONCEITOS EM GENÉTICA QUANTITATIVA
A genética quantitativa envolve estimativas genéticas com base em análise estatística de dados de uma população. Valor genético é o valor que é atribuído a um indivíduo que diz respeito ao seu potencial genético. As DEPs (diferença esperada na Progênie) ou PTAs (habilidade Predita de Transmissão) representam o quanto de uma característica, em média, um indivíduo deverá transmitir à sua progênie e correspondem à metade do valor genético desse indivíduo.
O valor genético de um indivíduo pode ser predito a partir de (a) dados de desempenho de animais presentes em seu pedigree, (b) dados de desempenho do animal e (c) dados de desempenho da progênie do animal.
A acurácia é uma medida da força de relação entre o valor genético verdadeiro de um indivíduo e sua predição. Dá uma clara idéia do quanto se espera de variação ao redor do valor genético predito. Um exemplo de acurácia seria o de visualizarmos dois alvos: um alvejado por tiros de garrucha e outro por tiros de fuzil: ambos acertaram o alvo, porém o fuzil foi mais próximo do centro. Uma predição com baixa acurácia significa maior variância ao redor dessa predição. Já uma acurácia alta representa menor variância ao redor da predição.
A acurácia de um valor genético aumenta conforme o volume de informações utilizado, ou seja, animais somente com informações de pedigree apresentam acurácias mais baixas para características avaliadas, quando se incrementa informação de produção do animal a acurácia aumenta um pouco e somente atinge valores elevados quando se usa dados de performance de filhos desse animal. A acurácia varia de 0 a 100%.
A RELAÇÃO ENTRE MARCADORES E CARACTERÍSTICAS DE INTERESSE
Os testes de marcadores permitem determinar se um animal possui genes de interesse na seleção.Quando se trata de características influenciadas por poucos genes, a precisão do teste é muito elevada. No caso de CVM, por exemplo, consegue-se identificar se um animal é ou não portador do defeito com 100% de acerto.
Contudo, quando se trata de características quantitativas, os marcadores genéticos de forma geral, ainda explicam muito pouco da variabilidade genética de uma característica. Então, como fazer uso desses testes de forma a explicar o máximo possível da variabilidade de características de interesse?
A CRV desenvolve pesquisas em parceria com a universidade de Liège na Bélgica e de Wageningen na Holanda desde 1994. Atualmente, os testes utilizados pela CRV envolvem 50 mil marcadores relacionados a características de produção, tipo e funcionais. Desde 2006 a empresa aplica a seleção gen&oc
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