Os trabalhos científicos relatam a influência da fertilidade do rebanho sobre o resultado econômico da empresa rural. As publicações mais conservadoras apontam que a fertilidade é cinco vezes mais importante do que o próprio ganho de peso para o resultado financeiro da atividade, embora, na maioria das vezes, os produtores tenham como o centro das atenções a seleção para crescimento.
Assumindo que o desempenho reprodutivo das matrizes de um rebanho é decisivo para o resultado financeiro, devemos identificar os pontos críticos desta atividade e traçar estratégias para a otimização dos resultados.
A performance reprodutiva das matrizes é um dos nossos grandes esforços de seleção, pois embora as matrizes zebuínas apresentem muita longevidade, a baixa frequência de precocidade sexual e altos intervalos entre partos resultam em uma baixa produção acumulada. Para exemplificar melhor, tomemos a seguinte premissa: “Toda matriz tem que produzir um bezerro por ano”.
Embora desejável, sabemos que a concretização desse ideal é extremamente difícil, pois, para isso, o rebanho precisaria realizar um intervalo entre partos (IEP) de 12 meses, mas, na prática, observamos um IEP muito superior a esse. Ao depurarmos os números de milhares de informações relativas ao desempenho reprodutivo de matrizes zebuínas em condições de produção a pasto, veremos que em média nossas fêmeas produzem somente três produtos antes de sua primeira falha na reprodução, ou seja, antes de um diagnóstico de gestação negativo ao final da estação reprodutiva (ER).
Analisando mais cuidadosamente estas informações, visualizaremos que existe um efeito relativo à categoria animal, estatisticamente comprovado, no qual as primíparas (fêmeas paridas com o seu primeiro produto ao pé) são as principais responsáveis pela queda nos níveis produtivos de um rebanho. O resultado reprodutivo inferior às demais categorias animais do rebanho é devido a aspectos genéticos e ambientais. Os aspectos genéticos são gradativamente contornados através da seleção para a obtenção do melhor biótipo para o ambiente de produção e também pela seleção contínua para precocidade sexual. Contudo, os aspectos ambientais que são a resultante do manejo e da nutrição que oferecemos a estas fêmeas, são os nossos grandes pontos de ação, pois eles são de efeito imediato e decisivos para a modificação do panorama produtivo e reprodutivo de uma propriedade.
A primeira experiência maternal da fêmea é muito desafiadora, pois ela inicia uma série de atividades de alta demanda nutricional (parto, puerpério, lactação, cuidados com a cria) e sua exigência nutricional aumenta de sobremaneira. Tudo isso associado ao seu próprio crescimento, pois ela ainda não finalizou sua curva de crescimento, tornam a atividade reprodutiva um evento pouco provável, justamente por este motivo que devemos passar a dedicar maior atenção ao manejo desta categoria animal.
Nutrição
Por serem fêmeas que ainda se encontram em fase de crescimento, as primíparas necessitam de uma dieta rica em nutrientes, portanto devemos disponibilizar os melhores pastos e condições nutricionais da fazenda para esta categoria animal.
Além do crescimento inerente à idade da fêmea, a primeira lactação representa um grande desafio metabólico para a matriz, que frequentemente perde condição corporal (escore corporal) para manter sua produção de leite, o que na prática representa um maior dispêndio de nutrientes e consequentemente maior exigência nutricional.
Outras estratégias nutricionais podem ser implementadas, de acordo com a viabilidade econômica verificada, como a suplementação dos bezerros (Creep Feeding) para a menor dependência nutricional deles com relação às suas mães e consequentemente maior preservação da condição corporal das jovens matrizes.
Grupos de Manejo (Lotes)
Um dos cuidados primordiais com as primíparas é a separação das mesmas em lotes específicos, ou seja, na prática após o parto as primíparas devem ser mantidas em grupos de manejo exclusivamente compostos pela mesma categoria animal.
Desta maneira, diminuiremos os efeito da competição e dominância entre as matrizes adultas (Pluríparas) e as fêmeas jovens (Primíparas), otimizando o desempenho nutricional destas, melhorando inclusive o consumo de sal mineral.
Atualmente já existem rebanhos que, além de segregar as suas primíparas, já o fazem também com suas fêmeas de segundo parto (Secundíparas), que respondem positivamente a este cuidado por serem também animais em fase de crescimento.
Manejo
Essa categoria animal em especial é muito susceptível aos manejos intensivos, portanto devemos avaliar muito cuidadosamente a condição corporal das primíparas antes de definir alguns manejos específicos, por exemplo: observação e sincronização de cios. Devemos levar em consideração que manejos intensivos representam um maior gasto energético e, usualmente, estas fêmeas estão próximas ao seu limite nutricional. Os excessos serão rapidamente transformados em perda de condição corporal e conseqüente anestro.
Na prática, devemos programar um manejo reprodutivo baseado em monta natural para a categoria em questão, com realização de rodeios frequentes para monitoramento e acompanhamento da condição corporal do lote.
Com o
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