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Em diversas regiões do Brasil, os agricultores sofrem quase o ano todo com algum tipo de estresse por causa do clima, seja com o calor decorrente das altas temperaturas, o frio pela queda brusca de temperatura ou a seca, causada pela falta de chuvas e a precariedade na irrigação das plantações brasileiras. Todos estes problemas geram grandes prejuízos e podem até acabar com a lavoura. Para amenizar de forma considerável estes estresses da planta, o produtor pode aplicar silício na sua plantação e melhorar os índices de produtividade e, principalmente, estabilidade produtiva nestas épocas críticas do ano.
O elemento é aplicado diretamente no solo, como é feito na maioria dos casos, ou via foliar, através da pulverização líquida. No caso mais comum, o silício é absorvido via radicular mediante a utilização de um corretivo: o silicato de cálcio de magnésio. Este produto tem efeito de correção de acidez do solo, fornecendo cálcio, magnésio e silício à planta. As pesquisas no Brasil sobre este tema ainda são muito recentes e não há uma indicação precisa da quantidade ideal de silício que deva ser aplicada em cada cultura, mas os pesquisadores estipularam uma faixa de recomendação que varia em função das características de cada cultura. As gramíneas, por exemplo, como milho, braquiária, cana-de-açúcar, sorgo e arroz acumulam mais silício do que as dicotiledôneas como soja, feijão, amendoim, batata, tomate, pimentão e plantas como o girassol, então a quantidade vai variar muito em função disso.
— A seca leva ao fechamento dos estômatos da planta, com isso, para de entrar CO2 e a planta para o processo fotossintético, o que provoca um aumento da taxa respiratória, sem produção. Essa respiração leva ao consumo das reservas que ela produziu. Quando a planta tem silício, consegue fazer um controle osmótico, ou seja, controla melhor a perda de água ficando por mais tempo com os estômatos abertos, permitindo a entrada de CO2 para a fotossíntese. Uma planta que não tem silício fecha os estômatos poucas horas depois da falta de água, enquanto uma planta que tem silício não vai nem sentir a falta d'água no primeiro dia e vai levar uns dois dias para sentir o estresse e começar a fechar os estômatos. Quando a água voltar à quantidade necessária no solo, a planta com silício vai responder mais rapidamente. Isso reflete diretamente na estabilidade produtiva. No caso do estresse salino, principalmente no Nordeste, o silício reduz este estresse proporcionando maior teor de proteína nas folhas. O estresse salino leva também a uma redução no teor de água na planta. — explica o doutor em agronomia Carlos Alexandre Costa Crusciol, professor de agricultura da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus Botucatu.
Outro efeito positivo do uso do silício nas plantações é a atenuação do estresse causado pelo frio intenso, que leva ao congelamento da água contida no tecido celular da planta. Crusciol é um dos palestrantes do V Simpósio Brasileiro sobre Silício na Agricultura, que acontece entre os dias 16 e 18 de agosto, em Viçosa, Minas Gerais. Ele diz que pesquisas feitas fora do Brasil com cereais de inverno, como o trigo, mostraram que quando o silício é adicionado ao solo a tolerância da planta ao frio aumenta e diminui o congelamento que ocorre dentro da célula porque ele mantém a célula intacta, sem rompimento. Assim que a temperatura volta a subir, a planta volta a sua atividade metabólica normal. Crusciol diz que acredita muito no potencial do uso do silício na agricultura brasileira por causa das interferências climáticas e, principalmente, porque na maioria das propriedades a irrigação ainda é feita de forma precária, o que provoca muitos estresses na planta e a aplicação de silício é uma tecnologia verde, que não causa nenhum tipo de dano às culturas.
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