O palmito da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth, var. gasipaes Henderson) é um produto muito apreciado e com alto potencial de comercialização, tanto no mercado consumidor nacional, quanto internacional. O Brasil continua sendo o maior exportador, consumidor e produtor, com aproximadamente 95% do total mundial. A produção brasileira, segundo dados do IBGE em 2008, foi de 5.874 toneladas, sendo que a região Norte responde por 97% desse total.
Os principais estados produtores de palmito são Pará (95%), Mato Grosso (1,3%) e Rondônia (1,2%). O consumo interno estimado é de 100 a 120 mil toneladas/ano. Nesse contexto, o palmito ainda é considerado “artigo de luxo” para a maioria dos brasileiros e as regiões Sul e Sudeste lideram o consumo do produto em conserva.
Em termo botânico, o palmito é formado por um conjunto de folhas imaturas, protegidas pelo envoltório das bainhas das folhas externas totalmente desenvolvidas. Para ser classificado comercialmente como produto de boa a ótima qualidade, ou palatabilidade, o palmito deve apresentar textura tenra, sabor suave e maciez ao paladar, baixa fibrosidade, coloração e odor típicos da espécie palmiteira. É um produto de baixo teor calórico e ausência de princípios tóxicos.
Plantas de pupunheira palmiteira, oriundas da região de Yurimáguas, no Peru, destacam-se das demais palmáceas por se constituírem numa população de híbridos com características genéticas, agronômicas e agroindustriais altamente desejáveis.
Cultivares
Visando disponibilizar novas cultivares de pupunha palmiteira para o Brasil foi elaborado, em 2004, um projeto de pesquisa que constituía uma Rede de Melhoramento Genético da Pupunheira formada pelas unidades da Embrapa na Amazônia, pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), e instituições de pesquisa do Espírito Santo e Paraná, sob a coordenação da Embrapa Florestas (Colombo, PR).
A segunda fase do projeto foi realizada no período 2008 a 2011, e consistiu no avanço das avaliações de pupunheiras das populações Yurimáguas (raça Pampa Hermosa) e Benjamin Constant (raça ‘macrocarpa’ Putumayo), oriundas, respectivamente, do Peru e Brasil. Atualmente está em andamento a fase 3, de seleção e multiplicação, com o projeto “Melhoramento genético da pupunheira para palmito em diferentes regiões brasileiras”, liderado pelo pesquisador da Embrapa Florestas, Antônio Nascim Kalil Filho.
Os principais avanços até agora da fase 3 - com execução de 2011 a 2015 - em relação à anterior, são os objetivos finalísticos e produtos a serem alcançados, ou seja, registro e lançamento de cultivares de pupunheira palmiteira propagadas por sementes (seminal) ou, de forma inovadora, por clone (clonal); a implantação de campos de produção de sementes por mudas ou clones, além da transferência das tecnologias geradas aos produtores de palmito.
A Embrapa Rondônia, como membro da Rede de Melhoramento da Pupunheira, vem conduzindo os ensaios de seleção de plantas superiores da população Yurimáguas, nos municípios de Machadinho do Oeste e Porto Velho. Os pesquisadores preveem para breve a possibilidade de lançamento, para Rondônia, de cultivares seminais de pupunheira para a produção de palmito.
Financiamentos
Para o desenvolvimento do conjunto de atividades citadas, os pesquisadores da Embrapa Rondônia tiveram o aporte de recursos financeiros de várias fontes de financiamento. Os projetos “Desenvolvimento de tecnologia para a produção de matéria-prima visando à produção de biocombustíveis no Estado de Rondônia” e “Estabelecimento de protocolos para propagação vegetativa in vitro de pupunheira (Bactris gasipaes Kunth)”, executados de dezembro de 2007 a dezembro de 2010, foram financiados pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).
As atividades dos projetos para o desenvolvimento de cultivares de pupunheira palmiteira recebem recursos financeiros do Tesouro Nacional, repassados à Embrapa, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
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