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Sílvia Zoche Borges, Embrapa Agropecuária Oeste
11/10/2013
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Mais de 300 lagartas foram coletadas por técnicos da Coamo Agroindustrial Cooperativa (Dourados, MS) em duas propriedades da Região Sul de Mato Grosso do Sul do município de Dourados. As lagartas foram encontradas em áreas de pré-plantio da soja, alimentando-se da planta daninha buva na resteva de milho safrinha.
Segundo o técnico da cooperativa, Fernando Mignoso, "a maioria das lagartas se encontravam em estágio de desenvolvimento bastante avançado". A dúvida é se essas lagartas são de Helicoverpa armigera. Por isso, as lagartas foram levadas ao laboratório de entomologia da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), em 07 de outubro deste ano, onde estão sendo analisadas.
Polífaga, Helicoverpa alimenta-se em um grande número de plantas hospedeiras
As lagartas foram colocadas em dieta artificial para a obtenção de adultos e confirmar a espécie, porém as primeiras análises evidenciaram que há grande possibilidade de serem da espécie de Helicoverpa armigera. Se a análise confirmar que a espécie é de Helicoverpa armigera, será o primeiro relato oficial da praga no Sul do Estado de MS.
Confira o que diz o entomologista e pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Crébio José Ávila, sobre a análise das lagartas:
Em que fase de desenvolvimento as lagartas chegaram ao laboratório da Embrapa Agropecuária Oeste?
Crébio - As lagartas chegaram, no geral, em estágio bem desenvolvido, ou seja, no quarto e quinto instar de desenvolvimento, estágios estes que são menos suscetíveis à ação dos inseticidas.
É comum lagartas de Helicoverpa armigera se alimentarem de plantas daninhas, como a buva?
Crébio - Sim, esta praga é considerada polífaga, ou seja, alimenta-se em um grande número de plantas hospedeiras, podendo elas serem plantas cultivadas ou não, como é o caso de plantas daninhas. Há relatos de que esta espécie se alimenta de mais de 180 espécies de plantas - dessas em torno de 60 espécies são de importância econômica.
Que características das lagartas encontradas nas duas propriedades, em Dourados, levam a crer na possibilidade de serem de Helicoverpa armigera?
Crébio - São características peculiares desta espécie como a grande voracidade na alimentação, canibalismo (alimentação de outra lagarta da mesma espécie ou não), grande presença de pelos brancos pelo corpo, placa escurecida no primeiro, segundo e último segmentos abdominais e comportamento de encurvar a cabeça em direção ao primeiro par de pernas quando tocada. No entanto, a identificação precisa somente pode ser feita com análise da genitália do adulto macho.
Quando o laboratório poderá dar o resultado definitivo das análises?
Crébio - Acreditamos que dentro de 10 a 12 dias a partir do dia 10 de outubro de 2013 obteremos os adultos, quando poderemos provavelmente confirmar a espécie.
Se houver confirmação nas análises dos laboratórios de que a espécie de lagarta é H. armigera, como os produtores rurais e os técnicos devem agir?
Crébio - Acreditamos que a ação deva ser agora, pois existe grande chance de se tratar da espécie H. armigera. Dessa forma, o produtor precisa fazer o controle dessas lagartas, pois se não fizer um bom controle dessa lagarta na buva, esses insetos transformarão em breve em adultos que farão postura nas plantas de soja, o que requererá necessidade de aplicações de inseticidas para o seu controle.
Mesmo que o resultado dessas análises para H. armigera seja negativo, é importante o produtor controlar plantas daninhas. Quais as recomendações da pesquisa?
Crébio - Sim, mesmo que não sejam as lagartas de H. armigera que estejam presentes na buva, o produtor necessita fazer o controle desta planta daninha para evitar a concorrência da mesma por água e nutrientes e com a cultura da soja.
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