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Girassol        
Girassol no sertão: bons resultados e novos mercados
Em consórcio com outras culturas, principalmente o feijão, cultivo tem conseguido 1.500 quilos por hectare com baixa incidência de pragas e doenças
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Juliana Royo
16/08/2010

O sertão nordestino é conhecido pela sua agricultura familiar com cultivos alimentares, principalmente o feijão e o milho. Mas, graças a novas pesquisas, os produtores locais estão conseguindo obter sucesso com o plantio de girassol, como uma alternativa às culturas tradicionais com a possibilidade de ganhar uma renda atendendo à nova demanda de empresas locais interessadas no biodiesel.

Em setembro, eles vão colher apenas o segundo ano de plantio, mas a expectativa é que a produtividade fique em torno de 1.500 quilos por hectare, um número que coincide com a média nacional. O girassol é um das culturas com potencial para biocombustíveis e poderia abastecer as indústrias locais, além da produção de mel e da utilização dos resíduos da planta para a alimentação animal. O sucesso parece maior com a aplicação do consórcio com feijão, uma poderosa leguminosa de adubação verde do solo.

— Nós temos duas culturas com características ímpares. O girassol é uma cultura que deixa muito potássio, que é um dos macronutrientes exigidos por todas as culturas. Quando se colhe girassol, tem os restos culturais todos riquíssimos em potássio. O feijão é conhecido pela fixação biológica de nitrogênio, aí eu já tenho duas fontes. Para o que vai ser plantado isso é excelente. Como o feijão tem o ciclo mais curto do que o girassol, boa parte do nutriente que o feijão disponibilizar, o girassol vai utilizar no seu ciclo. O feijão tem 60 dias e é uma planta baixa e o girassol com mais de 90 dias e mais alta, o que evita a competição por luz e faz o casamento perfeito — explica o engenheiro agrônomo Ivênio Rubens de Oliveira, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Já existem mais de 20 cultivares de girassol que podem ser utilizadas para o plantio no sertão nordestino, entre híbridos e variedades. A mais cultivada é a variedade BRS 122. Outra possibilidade para a região, é o cultivo intercalado com o milho, com três a quatro linhas de cada cultura. O milho deixa uma boa palhada no solo, o que é uma ótima fonte de matéria orgânica e disponibilidade de adubo. Algumas regiões nordestinas também estão utilizando o cultivo intercalado do girassol com o coco. Uma vantagem do girassol sertanejo é a baixa ocorrência de pragas e doenças. Os insetos nocivos ainda não atacam a cultura na região e, por causa dos fatores climáticos, como baixa umidade e pouca incidência de chuvas, as doenças não se manifestam de forma tão violenta como na Região Sul do país.

— As doenças que nós temos na cultura estão muito ligadas à umidade, à ocorrência de precipitação. As principais doenças aqui do sertão são a alternária e um fungo que causa podridão na base da planta, mas aparecem em menor quantidade. No sertão, a umidade é mais baixa, as chuvas ocorrem na quantidade certa, então não existe muita chance para as doenças atacarem as plantas de forma a causar grandes prejuízos. Uma das maiores vantagens do plantio de girassol é a baixa incidência de doenças. A dificuldade é a época de plantio porque o período de chuvas é reduzido — comenta Oliveira.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
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