A lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) era e ainda é considerada uma das pragas-chave da cultura da soja no Brasil, sem controle a praga pode causar desfolha total em grandes áreas, porém esta é de fácil controle sendo possível utilizar inseticidas químicos, com os quais é suscetível a diversos grupos, e biológicos. O uso do Baculovírus foi um exemplo de controle biológico eficiente para lagarta da soja, diversas empresas comercializaram este produto e a Embrapa incentivou o uso desta tecnologia. O controle pelo Baculovírus ocorre entre 7 a 10 dias após a aplicação, quando é possível coletar as lagartas infectadas e mortas na lavoura, que podem ser utilizadas como matéria prima para produção do Baculovírus. Outras formas de controle biológico também foram e são utilizadas para controle desta praga como o Bacillus thuringiensis ou a vespinha Trichogramma pretiosum que parasita os ovos da lagarta da soja em sua fase larval. No campo também existe o controle natural que é realizado pelo fungo Nomuraea rileyi causador da doença branca, porém a aplicação de fungicidas reduz a incidência deste fungo na população das lagartas no campo, favorecendo o aumento da população.
Os produtores de soja têm observado uma elevação na infestação de lagartas nos últimos anos e mudanças em relação às espécies que atualmente atacam a cultura. Com essas mudanças, outras espécies da praga têm aumentado a sua importância, fazendo com que a lagarta da soja perca o seu posto de principal preocupação. As espécies como as falsas-medideiras (Pseudoplusia includens e Trichoplusia nii), lagarta-enroladeira (Omiodes indicata), Spodoptera frugiperda e Spodoptera eridania, lagarta da maçã-do-algodão (Heliothis virescens) são hoje pragas mais preocupantes do que a Anticarsia gemmatalis, principalmente porque os controles no campo são difíceis de serem realizados, devido aos hábitos dessas lagartas dificultarem a ação do inseticida.
O controle dessas novas espécies de lagartas envolve uma série de ações, que estão inseridas no Manejo Integrado de Pragas. Estas medidas são iniciadas antes do plantio da soja, com uma vistoria a campo, observando-se a presença de pragas na superfície e interior do solo. Outras práticas são adotadas, como a dessecação antecipada, tratamento de sementes e o monitoramento antecipado da população, que pode ser realizada de forma visual e com o método do pano-de-batida, com o objetivo de determinar o nível populacional da praga e iniciar o controle com a utilização de inseticidas.
Com o uso desses métodos de controle para as novas espécies de lagartas na cultura da soja, o controle especifico para a Anticarsia gemmatalis utilizando o Baculovírus tornou-se desnecessário. Isto devido aos métodos adotados para o controle das outras lagartas serem eficientes para o controle da Anticarsia gemmatalis, sendo que o contrário não é verdadeiro, ou seja, o Baculovírus não consegue controlar as outras lagartas que atualmente tornaram-se pragas mais importantes para a cultura. Muitas empresas já não produzem mais o Baculovírus comercialmente, principalmente pela baixa demanda do mercado e pela falta de matéria prima, porque o material utilizado para a produção são as próprias lagartas infectadas e coletadas na lavoura, sem essa matéria prima vinda do campo, uma alternativa seria a criação em laboratório o que atualmente é inviável economicamente para as empresas.
Os produtos como fungicidas, herbicidas e inseticidas químicos ou biológicos sempre estão sujeitas ao desuso pelo surgimento de novas tecnologias mais eficientes ou novas pragas que necessitem modificações no manejo da cultura. O Baculovírus é um grande exemplo de uma tecnologia eficiente, seletiva e biológica que infelizmente pelo surgimento de outras pragas e métodos de controle tornou-se ultrapassada e cada dia menos utilizada pelos agricultores, porém continua sendo uma boa alternativa em sistemas de produção orgânicos ou onde a lagarta de soja ainda é a principal praga.
|
Fernando Hercos Valicente
13/07/2011 - 14:20
Tenho alguns comentßrios a fazer sobre esta reportagem. + lamentßvel que vocÛs tenham feito uma reportagem para desfazer de uma tecnologia muito importante dentro do MIP. Principalmente quando hß erros na matÚria. Por exemplo: quando dizem: Com o uso desses mÚtodos de controle para as novas espÚcies de lagartas na cultura da soja, o controle especifico para a Anticarsia gemmatalis utilizando o BaculovÝrus tornou-se desnecessßrio. NÒo concordo. Nenhuma tecnologia pode ser considerada desnecessßria em termos de controle de pragas.
Outro erro grosseiro: porque o material utilizado para a produþÒo sÒo as pr¾prias lagartas infectadas e coletadas na lavoura... Em qualquer sistema de produþÒo de baculovirus em larga escala nÒo se usa mais material do campo. Hß que se ter uma reserva e multiplicaþÒo em condiþ§es assÚpticas em laborat¾rio. A criaþÒo em laborat¾rio nÒo Ú invißvel. Sugiro conversarem com o Dr.Brßulio (ex-Coodect e hoje UFPR).
Sugiro repensarem ao escrever uma matÚria deste porte.
Att.
Fernando H. Valicente Embrapa Milho e Sorgo
Fernando Bonafé Sei
15/07/2011 - 11:19
Primeiramente, gostaria de esclarecer que n¾s somos a favor desta tecnologia e de forma alguma questionamos a sua eficiÛncia. O nosso objetivo nÒo Ú de forma alguma desfazer a tecnologia, lamentamos a reduþÒo no uso do BaculovÝrus e sabemos da importÔncia do produto no MIP.
A tecnologia de produþÒo utilizando lagartas coletadas no campo foi utilizada por muito tempo pelas empresas, porÚm hoje a forma utilizada para produþÒo Ú por meio de "multiplicaþÒo em condiþ§es assÚpticas em laborat¾rio" o que para muitas empresas, que nÒo possuem a estrutura necessßria para produþÒo de lagartas em laborat¾rio, inviabiliza a produþÒo do BaculovÝrus.
Nos procuramos relatar nesta coluna, assuntos relacionados ao controle biol¾gico, principalmente os aspectos positivos, como nos artigos anteriores, porÚm o baculovÝrus Ú uma tecnologia que vem tendo o seu uso reduzido no Brasil e n¾s procuramos de alguma forma relatar o que vem ocorrendo.
Lamento que de alguma forma isso possa ser interpretado de forma negativa, pois somos a favor do uso desta tecnologia e de tecnologias alternativas e biol¾gicas para controle de pragas e doenþas.
DIRCEU JOSE GODINHO almoxarifadosc@hotmail.com
23/01/2013 - 17:46
Ha tres safras encontro serios dificultades em controlar a falsa medideira. A unica solução tem vindo do proprio campo, ou seja , o controle biologico com baculovirus, não sei se e o mesmo da anticarsia, mas que esta controlando a pseudoplusia isto esta, ate entao não entendo porque na literatura diz que o baculovirus so controla a anticarsia.Se for novidade posso mandar fotos de falsa medideira controlada por baculovirus.
|