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Agência FAPESP
20/07/2016
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No final de 2011, a empresa Bug Agentes Biológicos, com sede em Piracicaba, interior de São Paulo, foi incluída no ranking da Fast Company – revista norte-americana de tecnologia – como uma das 50 companhias mais inovadoras do mundo, ao lado de grandes nomes como Apple, Facebook e Google, e a mais inovadora do Brasil, à frente da Embraer e da Petrobras.
A empresa, de controle biológico, se destacou por ter desenvolvido e comercializado, em apenas dois anos, um método eficiente para multiplicar a vespa do gênero Trichogramma, que ataca uma praga comum nos canaviais e nas plantações de soja.
“Na época, a nossa principal ferramenta de divulgação eram palestras, numa média de duas por ano. Esse número saltou para 70. Atendíamos clientes com um total de 18 mil hectares de soja e passamos a atender o equivalente a 800 mil hectares. O crescimento foi ainda maior no setor sucroalcooleiro: saltamos de três usinas para 100”, conta Alexandre de Sene Pinto, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Bug e atualmente sócio da empresa.
“Desde então a Bug cresceu 600% em área e em vendas, muito acima da taxa de crescimento do setor de controle biológico, que registrou taxa de 25% a 30%”, conta Pinto. Ele atribui esse desempenho à visibilidade que a premiação conferiu à empresa e à sua grande repercussão na imprensa nacional. “No nosso caso, além da qualidade do produto, a comunicação e divulgação foram fundamentais para a consolidação da empresa.”
A empresa foi criada em 2001 por estudantes de pós-graduação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). A partir de 2005, contou com o apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, para o desenvolvimento do Trichogramma galloi e dos parasitoides de ovos Trissolcus basalis e Telonomus podisi para o controle de percevejo da soja, produto que será lançado em 2016, depois de registrado no Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A visibilidade oferecida pela premiação e a repercussão na mídia também projetaram a empresa no mercado internacional: em 2014 a Bug passou a integrar o grupo de 36 startups consideradas “pioneiras em tecnologia” pelo Fórum Econômico Mundial. A indicação, a primeira para uma empresa latino-americana, conferiu à Bug a condição de interlocutora do Fórum até 2018. “Participamos de cinco reuniões anuais do G-8, quatro virtuais e uma presencial, oferecendo ao Fórum contribuições em nossa área de atuação”, afirma Pinto.
A visibilidade e o desempenho inovador atraíram parceiros de peso. Em 2008 a empresa recebeu do Criatec, fundo de capital semente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aporte de R$ 1,5 milhão em troca de 20% de participação acionária. A Bug então passou a crescer e o desempenho chamou a atenção do fundo Triguer, que realizou um novo aporte de RS 1,5 milhão. Em 2014, a empresa recebeu um terceiro investimento do Fundo Rosag. Hoje, a Bug tem como sócia a Porto Seguro Seguradora.
A empresa produz, atualmente, quatro tipos de vespas que combatem pragas da cana, soja, melão, milho – entre outras culturas – e tem clientes em todo o Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Apesar da visibilidade internacional, o crescimento acelerado do mercado nacional ainda não permitiu que a empresa exportasse. As duas unidades de produção – uma em Piracicaba e outra em Charqueada, com 32 mil metros quadrados, sendo 8 mil metros quadrados de área construída – “não dão conta da produção”, diz Pinto.
Vídeo sobre tecnologia desenvolvida pela Bug
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