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Controle Biológico      
Controle Biológico de Pragas em destaque na AgroBrasília
Palestra apresenta cenário atual sobre tecnologia no Cerrado
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FEBRAPDP
22/05/2018

O Controle Biológico de Pragas já deixou de ser uma tendência faz tempo. Hoje é uma realidade que, gradualmente, vai ganhando mais força nas lavouras brasileiras. Para que se tenha uma ideia de seu crescimento, em 2017, a área com emprego de fungos benéficos para controle biológico de pragas era ao redor de 2,3 milhões de hectares. Estima-se que essa área irá triplicar em três anos. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico, o mercado mundial de defensivos agrícolas biológicos tem registrado índices de crescimento cinco vezes superior ao da indústria de defensivos químicos.

A edição da AgroBrasília deste ano trouxe uma importante contribuição ao avanço da técnica no Cerrado. Durante 2 horas, Roberto Teixeira Alves, pesquisador da Embrapa Cerrados, engenheiro agrônomo, mestre e PhD em Entomologia/Controle Biológico, explicou e esclareceu, para 80 participantes, pontos importantes com o intuito de dirimir resistências à sua adoção, sobre como tirar os melhores resultados e até pontos polêmicos, como a produção caseira de biodefensivos.

O pesquisador abriu os trabalhos com um panorama sobre os diferentes tipos de inimigos naturais existentes e como eles podem atuar contra o que consideramos pragas: insetos, doenças, nematoides, ervas daninhas; enfim, toda presença de organismos acima dos níveis populacionais de convivência e com comprometimento econômico da lavoura.

Segundo Alves, tanto o Controle Biológico como o controle químico são considerados ferramentas do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e, portanto, dentro de uma perspectiva mais ampla, não devem ser percebidos isoladamente. “Não dá pra fazer o MIP com eficácia se não houver um conhecimento das ferramentas que se tem à disposição. Entender cada método existente é importante”, explicou.

A palestra destacou para os produtores, técnicos e empresários presentes que, dentro do Controle Biológico, há três tipos de inimigos naturais: os predadores, que comem a presa; os parasitoides, que as parasitam, e os patógenos, que causam doenças (fungos, vírus e bactérias). Estes podem ser utilizados de formas diferentes.

No Controle Biológico Clássico, que é pouco usado hoje no Brasil, importa-se o inimigo natural que atuará contra a praga. Já no Controle Biológico Natural, a ideia é preservar ao máximo as condições naturais, com manutenção das matas, uso de inseticidas não muito agressivos e com aplicação seletiva, para que os inimigos naturais originais da região, como codornas e perdizes, por exemplo, predem os insetos invasores.

O mais comum, no entanto, é o terceiro, o Controle Biológico Aplicado, que de modo semelhante ao controle com produto químico, é administrado sobre a lavoura. Os chamados biodefensivos são constituídos por fungos, bactérias, vírus, parasitoides (ovos e lagartas) e nematoides. A palestra focou bastante nesse ponto, apresentando soluções e tirando dúvidas dos produtores.

Adoção requer cautela no início

Por falar em dúvidas, são justamente as incertezas e falta de confiança na tecnologia, hoje, o maior impeditivo ao seu avanço no Brasil. Segundo o pesquisador, isso ocorre porque é preciso testar para acreditar e ir ganhando confiança no processo. “Para isso, é necessário, estudar e entender, mas também transferir essa tecnologia a consultores públicos e privados para que estes possam levar a informação correta para o produtor rural”.

Alves orienta a quem quer começar no Controle Biológico, que comece com uma área menor em sua propriedade. “Por exemplo, se tem 1.000 hectares, no primeiro ano deve começar com a técnica em apenas 50 hectares e nos outros 950, fazer da forma que ele achar melhor. No final, comparar os resultados de produtividade obtidos. Essa fase é importante para que tanto o produtor como os funcionários da fazenda possam se adequar ao sistema e ganhar confiança. Conforme a confiança vai sendo adquirida com base nos resultados, e a técnica vai sendo dominada, o produtor pode ir ampliando a área com Controle Biológico. Até que um dia, quem sabe, a coloca em toda a área”, orientou.

Por outro lado, há fatores externos que diminuem a velocidade de adesão ao Controle Biológico, o principal deles, talvez seja a concorrência de mercado com a indústria química, que tem muitos recursos, capilaridade e não pretende perder mercado. Some-se a isso o fato de o produtor normalmente gostar de aplicar o agrotóxico e no dia seguinte ver os insetos todos mortos na lavoura. O que, segundo o pesquisador, não necessariamente é um resultado efetivo, pois existe o chamado efeito de choque, que elimina uma parcela dos insetos e outra parte da população da praga que não foi atingida pelo produto se recupera e volta a causar danos na lavoura.

“Acho que as conjunturas fazem com que o produtor tenha preocupações bem naturais e aja assim. É compreensivo que ele fique com o pé atrás. Precisamos entender que, para o Controle Biológico ganhar mais espaço nas lavouras brasileiras, duas características importantes devem ser observadas: eficiência no combate às pragas e viabilidade econômica, tanto para quem produz, as biofábricas registradas, como para quem aplica em sua lavoura”.

Biofábricas caseiras
Uma questão que preocupa Roberto Alves é o crescimento do número de propriedades que está optando por desenvolver seus próprios bioinseticidas. O que, a primeira vista pode ser uma coisa relativamente simples, não é e pode redundar em perdas não só para o produtor, criação de novos problemas e interferir negativamente na imagem do Controle Biológico.

Em sua palestra, o pesquisador alertou: “A intenção em produzir bioinseticidas caseiros é boa, se isso fosse uma forma eficiente de se produzir inimigos naturais de qualidade mas, infelizmente, não é. Quem opta por este caminho pensa em diminuir seus custos com defensivos agrícolas e utilizar controle biológico. O que acontece, na realidade, é que a produção desses desejados inimigos naturais é muito contaminada por bactérias, principalmente, afetando bastante a qualidade do produto obtido e, consequentemente, não trazendo os resultados desejados. Quando se produz bioinseticidas de qualidade, precisa-se de instalações adequadas com muita assepsia, controle de qualidade e pessoal muito bem treinado para se obter produtos puros e eficientes, além desses produtos terem sua eficiência comprovada e de não serem nocivos ao meio ambiente e aos seres humanos. Por isso são devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.

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