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Controle biológico: a serviço da sustentabilidade
A Embrapa é uma das protagonistas em controle biológico no Brasil, com mais de 300 projetos de pesquisa em cerca de 30 unidades
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Fernanda Diniz, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
08/09/2016

A Embrapa investe em pesquisas de controle biológico de pragas desde os anos 80. Essas mais de três décadas dedicadas a estudos científicos resultaram num sólido expertise que envolve cerca de 30 unidades de várias regiões brasileiras e mais de 300 projetos de pesquisa.

A premissa básica do controle biológico é controlar as pragas agrícolas e os insetos transmissores de doenças a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias.

Trata-se de um método de controle racional e sadio, que tem como objetivo final utilizar esses inimigos naturais que não deixam resíduos nos alimentos e são inofensivos ao meio ambiente e à saúde da população.

Dessa forma, a pesquisa agropecuária espera contribuir para reduzir o uso de pesticidas químicos empregados no manejo integrado de pragas, colaborando para a melhoria da qualidade dos produtos agrícolas, redução da poluição ambiental, preservação dos recursos naturais e, portanto, para a sustentabilidade dos agroecossistemas.

Tendências do controle biológico no Brasil e no mundo
Se, por um lado, o Brasil comemora o fato de ser líder mundial no setor do agronegócio, por outro lado, essa liderança impacta numa dependência crescente de insumos importados, incluindo os agrotóxicos sintéticos, imputando ao País o triste predicado de ser também líder mundial no consumo desses produtos. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos, usando 19% dos agrotóxicos produzidos no mundo.

O uso intensivo de agrotóxicos sintéticos na agricultura causa diversos problemas, como a contaminação dos alimentos, do solo, da água e dos animais; a intoxicação de agricultores; a resistência de pragas a princípios ativos; a intensificação do surgimento de doenças iatrogênicas; o desequilíbrio biológico, alterando a ciclagem de nutrientes e da matéria orgânica; a eliminação de organismos benéficos e a redução da biodiversidade.

Esses dados preocupam os diversos segmentos da sociedade e têm levado à uma demanda crescente por alternativas que atendam às restrições ambientais e às exigências dos consumidores. O controle biológico, inserido no manejo integrado de pragas, é uma das opções viáveis para atender aos anseios da sociedade na busca constante por soluções sustentáveis.

No Brasil, em 2010, o mercado de produtos de controle biológico foi aproximadamente de U$ 70 milhões, equivalente a 2% da venda do mercado de agrotóxicos sintéticos. Estima-se que a área tratada com agentes de controle biológico no Brasil seja ligeiramente inferior a 8 milhões de hectares/ano. Embora elevada em termos absolutos, a participação percentual ainda é tímida nas culturas para as quais há alternativas biológicas disponíveis.

O perfil atual da indústria de agentes de controle biológico inclui, em sua maioria, pequenas e médias empresas especializadas, poucas estabelecidas há mais de 10 anos. Apesar do predomínio das pequenas e médias empresas, grandes empresas, tradicionalmente líderes no mercado de agrotóxicos sintéticos, estão adquirindo ou reativando divisões relacionadas ao desenvolvimento de biopesticidas, em função da perspectiva de negócios no mercado brasileiro.

Frente ao cenário positivo, as pesquisas de controle biológico representam uma oportunidade para a inovação e competitividade na agricultura brasileira e atendem às perspectivas ambientais e ao uso sustentável dos serviços ambientais. Com esse mercado crescente, que deverá duplicar ou triplicar mundialmente nos próximos 10 anos, é provável que a demanda para aperfeiçoar os processos relacionados ao controle biológico também aumente, gerando oportunidades para a pesquisa e parcerias para a inovação nesse campo.

O controle biológico na Embrapa
A Embrapa é uma das protagonistas na área de controle biológico no Brasil, com muitos resultados de pesquisa básica gerados nas últimas três décadas por cerca de 30 de suas unidades de pesquisa em todo o Território Nacional. Uma das prioridades da Empresa hoje é agilizar a transferência dos conhecimentos e tecnologias gerados na área de controle biológico ao setor produtivo, a partir de parcerias público-privadas, de forma a ampliar a utilização de agentes de controle biológico e reduzir o uso de agrotóxicos sintéticos.

Uma das ações da Embrapa nesse sentido foi a criação do Portfólio Corporativo de Controle Biológico em 2013. O objetivo é otimizar as ações relacionadas à essa área de atuação, fazendo com que os resultados de pesquisa cheguem com mais rapidez e agilidade ao setor produtivo.

O Portfólio pretende organizar as ações de pesquisa dentro da Embrapa, integrando profissionais, recursos, serviços, infraestrutura e parceiros, de forma a incrementar as pesquisas de controle biológico no Brasil e consolidar o protagonismo da Embrapa junto ao setor produtivo.

Acesse a lista de projetos do Portfólio Controle Biológico.

Paralelamente, as projeções mercadológicas apontam para um cenário positivo e crescente de produtos biológicos destinados ao controle biológico de pragas, com perspectivas de que dobrem ou até tripliquem nos próximos 10 anos em escala global. Isso significa que as pesquisas na área de controle biológico representam uma oportunidade para a inovação e competitividade na agricultura brasileira e oportunidades de parcerias voltadas à inovação.

Para garantir a qualidade do conhecimento básico gerado na área de controle biológico, ao mesmo tempo em que prioriza a transferência de tecnologias aos produtores brasileiros, a Embrapa atua hoje nas seguintes frentes:

- Implementação do controle biológico no âmbito do manejo integrado de pragas
- Utilização de técnicas de manejo cultural e do solo que favoreçam a ação dos agentes de controle biológico (insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias com potencial patogênico sobre insetos-praga) introduzidos e de ocorrência natural
- Formação de profissionais para o desenvolvimento e uso do controle biológico e para a implantação da cultura de utilização dessa tecnologia
- Participação na elaboração de políticas públicas para incentivar a utilização de agentes de controle biológico, regulamentação de pesquisa, desenvolvimento e registro de produtos à base de agentes de controle biológico.
- Estímulo à criação de empresas incubadas para o desenvolvimento desses agentes
- Desenvolvimento de produtos biológicos, em conjunto com a iniciativa privada.

Principais desafios:

- Eliminar os fatores restritivos a expansão do controle biológico
- Quebrar o paradigma da utilização do controle biológico
- Proporcionar agilidade para a exploração dos agentes de controle biológico (em desenvolvimento ou na forma do potencial de suas coleções) na Embrapa.

Vertentes
O Controle Biológico abrange cinco vertentes: biodiversidade, estratégias de desempenho de agentes de controle biológico, integração com ações de proteção de cultivos, impactos do uso desses agentes e a sua adoção no setor produtivo.

1) Biodiversidade – prospecção, conhecimento, conservação e valoração (espectro de atividade, biogeografia, metabólitos secundários, variabilidade genética) de agentes de controle biológico nativos e exóticos, de forma a constituir bancos de ativos tecnológicos.

2) Estratégias incrementais de desempenho de agentes de controle biológico nativos e exóticos– seleção estratégica; realização de análises de bioecologia com base em características ecológicas necessárias para boa persistência de sua atividade a campo (tolerância à alta ou baixa temperatura, resistência à seca, radiação UV, outros); definição dos estádios vulneráveis no ciclo de vida da praga alvo com vistas à ampliação das possibilidades de uso desses agentes; metodologias de produção em larga escala; formulação e avaliação da sua eficiência em relação aos insetos-alvo.

3) Integração das estratégias de proteção de cultivos – estimular técnicas de manejo que favoreçam a ação dos agentes introduzidos e de ocorrência natural.

4) Impactos do uso de agentes de controle biológico – avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos do uso de agentes de controle biológico, com base na sua especificidade e persistência (monitoramento da dinâmica populacional desses agentes antes e após liberação a campo).

5) Estratégias incrementais de adoção de agentes de controle biológico – formação de profissionais para o desenvolvimento e uso do controle biológico e definição de metodologias para a sua transferência ao setor produtivo, incluindo cooperativas e empresas agrícolas familiares.

Para saber mais, acesse a página especial da Embrapa sobre Controle Biológico.

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