A erva-mate distribui-se em uma área de aproximadamente 450.000 km2, abrangendo os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, em cerca de 180.000 propriedades, na maioria, pequenas e médias. A broca-da-erva-mate está presente em todos os ervais, em diferentes níveis populacionais, ela é larva do besouro Hedypathes betulinus, do grupo dos serra-paus, popularmente conhecido como “corintiano”, pela sua coloração do corpo preto recoberto por pelos brancos.
Esta é a principal praga da cultura do mate, que se desenvolveu e proliferou muito, favorecida pelo cultivo perene e monocultivos, o qual proporcionou um ambiente mais estável ao inseto e maior oferta de alimento.
As perdas ocorridas pela ação crônica da praga acabam passando despercebidas, mascaradas pelo dano direto e, principalmente, pela ausência de termos de comparação. Com isso, perdas aparentemente sem significados econômicos, num primeiro instante, vão intensificando-se com as sucessivas gerações da praga, e quando o problema se torna evidente, normalmente, o erval já está comprometido.Os principais danos são ocasionados pelas larvas, que durante a alimentação, constroem galerias, dificultando a circulação da seiva, debilitando a planta, diminuindo a sua produção. Quando o broqueamento é muito intenso, ou se ocorrem sucessivas gerações da praga, os galhos da planta podem secar e, muitas vezes, ocorrer à morte da erveira.
Para o controle desta praga foi realizada uma parceria entre a empresa Novozymes Turfal e Embrapa Florestas para desenvolver um bioinseticida à base de um fungo entomopatogênico (micro-organismo que causa doenças apenas no inseto) Beauveria bassiana. Trata-se do BoveMax EC, que possui uma formulação em óleo, que ajuda na adesão dos esporos do fungo à cutícula do inseto, aumentando a eficiência do produto. Quando adequadamente aplicada, a formulação apresenta alto potencial de controle de pragas, baixo impacto ambiental e deixa poucos resíduos no produto. Além disto, o produto pode permanecer ativo por longos períodos no ambiente de cultivo. Após a contaminação com o bioinseticida, os insetos levam em torno de 20 a 30 dias para morrer e durante este período, realizam suas atividades normalmente e quando entram em contato com outros adultos não contaminados, passam a transmitir o fungo aumentando o controle.
Segundo a pesquisadora da Novozymes -Turfal , Maria Silvia Pereira Leite, até hoje, não se tinha nenhuma medida de controle desta praga, somente a coleta manual dos adultos. Este vai ser o primeiro produto registrado para o combate à broca e ainda com a vantagem de ser biológico, trazendo facilidades aos produtores, que terão grande eficiência no controle do inseto e conseqüentemente um aumento na produtividade.
O inseticida biológico BoveMax EC não apresenta riscos de contaminação para o produtor e tem eficácia comprovada na redução das perdas econômicas provocadas pelo ataque da broca-da-erva-mate. Este não visa eliminar toda a população da praga, mas sim reduzí-la a um nível que não cause danos econômicos, permitindo a ocorrência de outros agentes de controle, como predadores, parasitóides e até mesmo o próprio fungo, que poderá permanecer ativo indefinidamente na área, restabelecendo o equilíbrio do ecossistema florestal.
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