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Por tornar obrigatória a recuperação de matas ciliares e reservas legais a Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 (novo código florestal) deverá desencadear em curto prazo e a baixo custo, métodos de reflorestamento em larga escala. Isto por que as tradicionais ações de recomposição florestal, baseadas no uso de mudas, vêm apresentando limitações quanto ao preço (lei da oferta e da demanda), à disponibilidade e qualidade de mudas nos viveiros florestais, ao desenvolvimento das plantas em campo e à baixa escala de implantação. Neste contexto, a semeadura direta de espécies florestais pode ser uma grande aliada dos produtores rurais e do meio ambiente.

A semeadura direta é uma técnica que consiste no plantio de sementes de espécies florestais diretamente no solo, na área onde será realizada a recomposição florestal. Esta técnica é muito semelhante às práticas tradicionais de plantio de milho, feijão, soja, abóbora, melancia entre outras. Ela pode ser realizada de forma mecânica, por meio de plantadeiras, ou manual, por meio de matracas. Também pode ser realizada á lanço (dispersão superficial das sementes), e depois incorporadas ao solo com grades niveladoras. Também pode ser realizada pelo plantio das sementes em sulcos, como os da cana-de-açucar, ou em berços (covas), como os da fruticultura.

O plantio direto de sementes pode ser indicado para dar início a uma floresta em grandes áreas com ausência de vegetação, usando-se espécies com boa capacidade de colonização e de rápido desenvolvimento. Geralmente apresenta resultados positivos em áreas degradadas, de difícil acesso e de grande declividade do terreno. Para o sucesso no uso desta técnica, é de grande importância à caracterização das áreas, o preparo do solo e o plantio das sementes na época mais adequada, que normalmente coincide com o inicio do período chuvoso.

No geral, as características das sementes (tamanho, forma, carnosa ou não carnosa etc.), o grupo ecológico ou funcional, as exigências nutricionais e a tolerância à fatores climáticos (sol, chuva, seca etc.) devem ser considerados na escolha das espécies a serem usadas na semeadura direta. Na busca por um rápido recobrimento do solo, o processo germinativo pode ser acelerado com a quebra de dormência das sementes, promovendo um rápido desenvolvimento das mudas. A germinação, em geral, é irregular, sendo as espécies de rápido crescimento as que mais se destacam.

Eventualmente, faz-se necessário proteger as sementes para evitar perdas decorrentes do ataque por formigas e pássaros, que ocorrem desde a semeadura até a fase de muda, e também perdas pela movimentação do solo provocado pela chuva, que acaba soterrando a semente. A utilização de protetores físicos sobre as sementes tem como objetivo propiciar melhorias na germinação das sementes e sobrevivência das mudas e, também, criar um microambiente para o crescimento das plantas jovens. O uso de protetores, tanto o laminado de madeira, como o copo plástico sem fundo, pode propiciar um aumento significativo na emergência e sobrevivência de mudas.

Algumas vezes, é necessário repor sementes ou mudas nos locais onde ocorreram falhas ou a densidade obtida não foi a desejada. Deve-se ressaltar que o sucesso da semeadura direta é dependente da criação de um microambiente com condições tão favoráveis quanto possíveis para um rápido desenvolvimento da vegetação. Também para um rápido recobrimento do solo, fatores como a predação (formigas e animais herbívoros) e a matocompetição (gramíneas e ervas daninhas) devem ser controlados. Para um bom desenvolvimento das árvores, o uso de fertilizantes minerais (adubos a base de NPK, superfosfato simples, etc) ou naturais (esterco de animais ou terra preta) deve ser considerado no plantio e nos dois primeiros anos.

Apesar de diversos fatores influenciarem no sucesso da semeadura direta, a literatura revela as potencialidades desta técnica que pode ser usada em várias escalas e a baixo custo, quando comparada aos métodos tradicionais de recomposição florestal. No Brasil, algumas experiências estão sendo realizadas na tentativa de viabilizar a técnica da semeadura direta em termos ecológicos e, ou silviculturais, tanto na recuperação de ecossistemas, como para povoamentos com fins econômicos. Várias experiências apresentaram bons resultados na implantação de povoamentos de espécies nativas (Schizolobium parahyba e Enterolobium contortisiliqum) e exóticas (Pinus taeda L.), para a recuperação de áreas degradadas e matas ciliares.

A utilização da técnica de semeadura direta de espécies florestais pode contribuir no fortalecimento do novo código florestal, bem como otimizar os corredores ecológicos na biodiversidade regional. Desta forma, os produtores rurais, especialmente da cadeia produtiva de grãos (soja, milho e feijão), do setor sucroalcooleiro, da pecuária de corte e de leite, da fruticultura, da cafeicultura, entre outras, podem ser beneficiados com o uso desta técnica, recuperando as matas ciliares e as reservas legais em larga escala, em curto prazo e a baixo custo. Assim, a semeadura direta de espécies florestais poderá contribuir para a superação dos desafios a serem enfrentados com o novo código florestal.

Artigo originalmente publicado em 13/01/2014

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Ernesto Silva
16/01/2014 12:01:37
Muito interessante o artigo. Porém fico com uma dúvida em relação à viabilidade da técnica em região de Cerrado, mais especificamente Goiás e Minas, onde o semeio direto resultará em mudas pequenas no fim das chuvas que talvez não suportem o período seco, há algum trabalho para estas regiões que mostra a sobrevivência das mudas?

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