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Os baixos preços no mercado do milho podem resultar em uma segunda safra preocupante para os produtores de Mato Grosso. Isso porque, no momento, a produção está inviabilizada em algumas regiões do estado, pois o atual preço não cobre o custo de produção. De acordo com produtores visitados pelas equipes do Circuito Tecnológico, muitos devem fazer safrinha de soja quando normalmente se planta milho ou algodão, ou ainda outras espécies para que haja a rotação de culturas.
Outro fator para que a safrinha de soja ocorra é o regime de chuvas. Com o atual cenário, o produtor verifica que haverá prejuízos na safra de milho. Porém, segundo o diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, é preciso pensar à frente. “O produtor precisa levar muita coisa em conta: o custo benefício, a viabilidade econômica e técnica”, orienta.
Caso o produtor opte por fazer a segunda safra de soja, ele também corre o risco de ter um alto custo devido aos diversos tratamentos fitossanitários que terá que fazer, tanto contra doenças como para pragas. “Sem essas aplicações a colheita é inviabilizada, ou seja, se plantar tem que cuidar da melhor forma para que gere a receita que seria a ideia”, explica Nery.
Segundo ele, nos três últimos anos a prática vem acontecendo e os produtores estão tendo resultado que dentro dos seus custos é viável, mas não necessariamente indicado do ponto de vista técnico.
O fitopatologista e pesquisador há mais de 40 anos, José Tadashi Yorinori, que também integra a equipe do Circuito, alerta sobre o risco de aumentar a incidência de pragas nas próximas safras devido à ponte verde que deve se formar quando se dá continuidade com a mesma cultura. Sem este intervalo de tempo, a lavoura fica suscetível a doenças e pragas.
“A safrinha vai receber todo rescaldo da produção de verão, tanto da ferrugem e agora também da helicoverpa, que pode formar uma ponte verde que geraria muito prejuízo”. Nery explica que as pragas estarão no seu auge de incidência nas lavouras após a colheita, no caso da safrinha, que logo pode passar facilmente para a safra de verão.
Segundo Tadashi, o impacto nessa atual safrinha de soja que pode se formar será menor por causa do vazio sanitário, mas as sojas guaxas geradas após a colheita e as chuvas manterão estas plantas vivas. Consequentemente, segundo ele, haverá um aumento de risco de infestação. “Aumenta porque vamos ter um período maior de soja que poderá multiplicar a população de helicoverpa, isso é um risco”, alertou. Ele também frisou a dificuldade de ainda se controlar a praga e até mesmo de identifica-la, por isso, é preciso ter cautela.
Na opinião dele, é melhor o produtor caprichar no preparo do solo para safra seguinte, mesmo que não plante o milho por conta da expectativa de preço baixo, mas que faça então uma cobertura. “O agricultor brasileiro hoje que tem o beneficio de plantar soja e ganhar dinheiro com soja, diferente dos Estados Unidos que valoriza muito mais o milho, tem que fazer o melhor possível para ter a melhor safra de soja. Isso porque milho está arriscado tanto por seca, preço, armazém, transporte, e o Estados Unidos produz muito bem”, finalizou ele.
Circuito Tecnológico
A expedição é uma realização da Aprosoja e Serviço de Aprendizagem Rural (Senar/MT) e tem como patrocinadores Basf, Dow Agrosciences e Bayer. O grupo é formado por oito equipes que visitaram no total 600 propriedades nas regiões produtoras de soja. Fazem parte das equipes profissionais da área técnica, os supervisores da Aprosoja, colaboradores do Senar, estudantes do curso de Agronomia e consultores da Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa), Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato). Nesta primeira semana, de 14 a 18 de outubro, serão visitadas as regiões Norte e Oeste.
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