A saga do trigo na COOPA-DF remonta ao ano de 1993, quando a cooperativa implantou uma usina de trigo com crédito subsidiado. A inauguração foi no ano 1994, mas logo se deu conta que precisava trigo duro importado para misturar com a variedade BR 33 que não tinha glúten suficiente para panificação. Isto era resultado direto da política da Comissão de Compra do Trigo Nacional (CTRIN), dos anos 1960 em diante, de comprar trigo independentemente do teor de glúten. Para COOPA-DF, foi quase impossível comprar trigo importado competindo com grandes moinhos, nos explicou o Sr. Canísio Maldaner, presidente então da cooperativa. O ônus da dívida naquela época, quando a inflação atingiu 84%, quase afundou a cooperativa.
Aqui entra um herói nacional, Dr. Raul Ady da Silva, saudoso geneticista de trigo que comandava a pesquisa no Departamento Nacional de Experimentação e Pesquisa (DNPEA-MA), antes da criação de Embrapa. Em 1978, Dr. Ady virou seus dotes de geneticista para o Cerrado e se transferiu ao Centro de Pesquisa Agropecuaria dos Cerrados, CPAC, (atual Embrapa Cerrados), dando continuidade aos seus trabalhos de cruzamentos e seleção de novas variedades.
Esses esforços deram lugar às BRS 254 e 264, com potencial superando 7000 kg/ha e com teor suficiente de glúten para serem panificáveis. Em 2013, a Embrapa selecionará duas entre quatro das linhagens novas apresentadas em dia de campo realizado em setembro. A ideia é multiplicar sementes em 2014 a fim de lançá-las como variedades para uso geral em 2015.
Nessa etapa final, se submete à avaliação dos produtores e técnicos do setor privado. As variedades à mostra no dia de campo foram apresentadas pelos pesquisadores Júlio César Albrecht e Márcio Só. A tabela abaixo de resultados foi mostrada no evento:
Para reduzir a incidência da brusone, a doença mais recente da cultura, os pesquisadores de Embrapa recomendaram o plantio nas duas primeiras semanas de maio, a pesar do desempenho relativamente bom do plantio de abril deste ano, que foi um mês anormalmente seco.
O combate à nova ameaça ao trigo brasileiro, a brusone, foi explanada brilhantemente pelo Seiji Igarashi, da SIGA consultoria Agrícola. A infecção pelos esporos da brusone pode ocorrer via semente, folhas ou espiga, sendo os esporos carregados longas distancias pelo vento. Os esporos pegam nas aristas emergentes e são lavadas pela chuva, orvalho ou irrigação para dentro da bainha, onde encontram condições favoráveis à infecção dos grãos incipientes da espiga.
Uma aplicação em folhas atacadas pela brusone pode reduzir o inócuo para a infecção das espigas, mas, a época de final de emborrachamento (emergência das aristas) é a mais favorável para controlar a infecção da espiga. A espiga emergida é mais cerosa, portanto a eficácia de fungicidas está reduzida após a emergência. Dr. Seiji recomenda suspender a irrigação por alguns dias após a aplicação de fungicida e cita o site da Embrapa Cerrados para maiores informações sobre o manejo da irrigação em trigo. Mas, è possível de instalar um coletor de esporos trazidos pelo vento como sistema de alarme prévo e não precisa grande número, já que o conteúdo de esporos no vento é razoavelmente uniforme, um por pivô é suficiente para saber quando aplicar fungicida preventivamente. Esses esporos são difíceis de detecção com lupa manual x10, precisa de microscópio. Seiji também tinha uma boa nova para os produtores do Cerrado, a doença giberela, prevalente no Sul, não encontra condições favoráveis no Cerrado.
Outra ameaça nova ao trigo é a Helicoverpa armigera, nova praga lepidóptera cujas larvas são polífagos e atacam muitas culturas. Ainda, explicou o pesquisador Alexandre Specht, da Embrapa Cerrados, a epidemiologia é pouco estudada, porém sabe-se que a praga já indicou uma preferência para algodão e sorgo. Ela forma pupas no solo durante a época seca e o controle na Austrália é cultivo mínimo até 10 cm. Felizmente, para o Plantio Direto, as nossas condições são diferentes dos invernos frios da Austrália e esperamos encontrar soluções compatíveis com a manutenção da cobertura no PD. Uma sugestão minha é testar o Noble Plough do Canadá, com “sweeps” horizontais que não perturbam a palha – vai precisar de discos de corte na frente das hastes, mas como a largura dos sweeps é de 1, a perturbação seria mínima. A Embrapa Cerrados deve testar isto.
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