Com a explosão das grandes cidades o espaço rural vem sendo "redescoberto" pelos estudiosos e por necessidades de políticas públicas. A população urbana cada vez mais têm valorizado locais para saciar a sede de consumo de natureza, de pureza dos ambientes não poluídos, de beleza cênica, de tranquilidade e elementos saudosistas. A valorização do espaço rural ocorre não somente pelo desempenho agrícola, mas pelas suas múltiplas funções como proteção ambiental, produção de alimentos saudáveis, bens e serviços relacionados com o turismo, recreação e a produção de bens públicos. O mercado no meio rural não é mais limitado a produtos agrícolas e tecnologias. Hoje ele representa uma diferenciada rede de negócios e fluxos econômicos permitindo projetar a remontagem solidária de cadeias produtivas e estabelecer estratégias de desenvolvimento sustentável como é o caso do pagamento por serviços ambientais e a obtenção de créditos de carbono.
O desenvolvimento rural neste contexto deve ser direcionado para um novo paradigma onde os objetivos são focados em uma ocupação e uso do solo de forma construir ambientes produtivos cujas práticas são baseadas num moderno modelo construtivista e não no extrativismo degradante do modelo atual. As políticas públicas, tão necessárias ao desenvolvimento, devem incluir ações de reconstrução do meio rural não apenas no nível de propriedades, mas sim a nível regional a partir das relações entre as atividades agrícolas, as necessidades da sociedade e as alterações das características ambientais dos ecossistemas. Isto leva a um modelo de desenvolvimento rural com objetivos claros de se produzir bens públicos (solo, paisagens, áreas ciliares protegidas, água, turismo...) e qualidade de vida.
A substituição do antigo paradigma de que o desenvolvimento rural se faz pela modernização tecnológica da propriedade por um novo que contempla a valorização da multifuncionalidade da agricultura permite ações efetivas em buscar um equilíbrio entre valores ambientais, sociais e econômicos. As múltiplas funções da agricultura conduzem ao entendimento e ao desenvolvimento de estratégias para a criação de novos mercados e por consequência, produtos, serviços. Com novos mercados o espaço rural vai perdendo o foco voltado somente para a função produtiva e passa a valorizar as funções ecológicas, paisagísticas e turísticas fortalecendo negócios que permitem agregação de valor às atividades rurais.
O espaço rural passa a oferecer a produção de água, o sequestro de carbono, a beleza cênica, a cultura e o conhecimento familiar na culinária, no artesanato, na música entre outros. Com novos serviços o meio rural entra definitivamente como área de preservação ambiental e destino turístico em muitas localidades além do suporte às atividades recreativas e esportivas. O desenvolvimento pode fomentar o aproveitamento de nichos de mercado abrindo oportunidade à organização comunitária tão comum em bairros, vilas e distritos rurais. A pluriatividade deve fortalecer a família rural, agregando seus membros, diminuindo a força atrativa do meio urbano abrindo caminho para a diversificação de fontes de emprego e renda.
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Maurício Carvalho de Oliveira
30/07/2013 08:29:21
É relevante o enfoque que seu artigo traz, Afonso. Tem-se, cada dia, mais gente buscando a convivência com o campo. Vejo que é hora de os profissionais das ciências agrárias, do agroturismo, das ciências da natureza, enfim, se prepararem para possibilitar uma interação mais proativa entre o que acontece nesses dois mundos que, na verdade, são complementares, quando a cidade poderá perceber o verdadeiro valor do campo. Rally dos Sertões e Rapel, p. ex., são emocionantes mais pode-se se conectar mais à natureza.
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