Apesar de fundamentais na produção agrícola de larga escala, os defensivos agrícolas podem oferecer riscos, sendo necessário o emprego das boas práticas e de toda a tecnologia disponível para se evitar os possíveis danos que estes produtos possam causar à saúde humana e aos recursos naturais. Parte dos produtos aplicados pode ser perdida para o ambiente pela deriva, que é a fração dos ingredientes ativos que não atinge o alvo devido ao carregamento das gotas pelo vento, evaporação e outros processos. É por conta desse processo de deriva que diversos países possuem legislação e normas quanto às faixas de proteção (sem aplicação) para cursos d’água, zonas habitadas, áreas de proteção ambiental, entre outras. Além disso, muitos países também estão desenvolvendo sistemas de classificação e certificação de métodos de aplicação (com atenção especial ao seu potencial de deriva), assim como de modelos para estudar a dinâmica de defensivos agrícolas no ambiente. Este é o maior desafio da agricultura moderna, produtiva e segura.
O cenário atual do agronegócio brasileiro tem se mostrado favorável à discussão de eventuais restrições ao uso de técnicas de aplicações específicas, como especial atenção à pulverização aérea. Parte desse processo vem de uma visão errônea de que esta técnica apresenta maior risco. Do ponto de vista puramente técnico, todas as formas de aplicação de defensivos apresentam um potencial de risco, mas o nível atual de desenvolvimento tecnológico do setor permite que estes riscos sejam contidos e administrados. Por esta razão, o tratamento fitossanitário com defensivos continua a ser uma das etapas mais importantes do processo produtivo das lavouras, o Brasil segue liderando o grupo de nações que mais produzem alimentos no mundo e o agronegócio brasileiro continua firme em sua importante colaboração para que tenhamos o crescimento econômico e social do país. Mas, como em qualquer atividade cotidiana de nossa sociedade, acidentes acontecem. E, de fato, acidentes (ou incidentes) envolvendo aeronaves, crianças, escolas e defensivos chamam especial atenção da mídia. Mas são acidentes. Acidentes que devem ser encarados como eventos que fogem à regra. Como qualquer acidente, devem ser investigados e eventuais as culpas devem ser apuradas. Numa sociedade madura, eventos isolados como este recentemente divulgado não deveriam ser usados como argumento para ações políticas que extrapolem a própria investigação e a eventual a punição de culpados (se cabível).
Por outro lado, como em qualquer acidente, devemos observar os erros cometidos e aprender com eles. Simplesmente para evitar acidentes futuros de mesma natureza. Casos clássicos de deriva e erros de abertura e fechamento das barras numa aplicação podem ser evitados com treinamento e tecnologia. A aviação agrícola brasileira vem se preparando nos últimos anos para a adoção em larga escala de técnicas de redução de deriva e de sistemas eletrônicos de mapeamento e controle, os quais auxiliarão os pilotos na tarefa de evitar esse tipo de acidente.
As técnicas de redução de deriva minimizam o risco da ocorrência de deslocamento das gotas para fora dos limites da área de aplicação. E os sistemas de navegação e controle da aplicação com tecnologia de mapeamento georreferenciado permitem demarcar as faixas de segurança e as áreas a serem protegidas, evitando a aplicação acidental sobre essas áreas. Este tipo de equipamento, já em avaliação no país, permite o bloqueio da aplicação à revelia do piloto, no caso de um voo equivocado sobre uma área que deve ser protegida.
Com a popularização destas tecnologias os riscos serão cada vez menores. E a agricultura de nosso país poderá continuar a se beneficiar da aplicação segura por via aérea, uma técnica eficaz e indispensável para alguns segmentos fundamentais do agronegócio brasileiro.
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