A domesticação e o cultivo de plantas para a produção de alimentos, ocorrida aproximadamente há 10 mil anos, possibilitou a primeira grande transformação social do homem que vivia de forma nômade alimentando-se da caça e da pesca, permitindo a sua fixação geográfica e a formação dos agrupamentos sociais, que ao longo do tempo evoluíram e deram origem as cidades.
O aperfeiçoamento da comunicação e o desenvolvimento intelectual do homem consolidaram a percepção das vantagens do convívio em grupo e fortaleceram as bases para a construção da vida em sociedade, que culminou no surgimento de novas cidades e posteriormente das nações.
Com o surgimento da industrialização as cidades se disseminaram rapidamente e tiveram grande expansão, passando a demandar mais e mais produtos e serviços. A produção de alimentos passou a sofrer grande pressão e novas áreas tiveram que ser incorporadas ao processo de produção nos países industrializados, logo esgotando as áreas disponíveis, obrigando as nações a importarem os gêneros de primeira necessidade.
Um exemplo típico é o caso do Japão, um país com grande população e pequena extensão territorial, que na década de 1970 importava grandes quantidades de alimentos dos Estados Unidos e temia um colapso no fornecimento e/ou um grande aumento nos preços.
Como estratégia para reduzir o risco de desabastecimento o Japão decidiu realizar um estudo para levantar áreas potenciais para produção de alimentos e o Brasil foi eleito o principal país que reunia áreas agricultáveis disponíveis, clima favorável, capital humano e estabilidade social. Em 1977, através da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) foi firmada uma parceria para cooperação agrícola entre os dois países, que culminou na criação do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER), haja vista que nesse período o Brasil era importador de alimentos e os gastos com alimentação comprometiam aproximadamente 40% da renda familiar da classe média.
Para coordenar as ações PRODECER foi criada a Companhia de Promoção Agrícola – CPA Campo www.campo.com.br, que atuou fortemente na colonização agrícola, implantando 21 projetos em sete estados, impulsionando o desenvolvimento da economia brasileira com a produção de alimentos e com o surgimento de cidades prósperas como Luís Eduardo Magalhães, na Bahia e Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, que segundo o IBGE está classificado entre os 20 municípios brasileiros com melhor índice de desenvolvimento humano (IDH).
Por meio desse programa foi planejada a ocupação de grandes áreas, organizou-se os produtores em cooperativas, transferiu-se as tecnologias geradas pela pesquisa, em especial da Embrapa e consolidou-se a produção agrícola, de forma competitiva e sustentável, contribuindo significativamente para transformar a região no celeiro mundial de alimentos.
Hoje, a região dos Cerrados é responsável por 40% da produção brasileira de grãos e uma família brasileira de classe média gasta em torno de 14% da sua renda com alimentação. Os produtores rurais continuarão a alimentar a nação brasileira e contribuirão no grande desafio de atender o crescimento da demanda mundial de alimentos, onde segundo a FAO, a produção terá que dobrar até 2050, para alimentar os 9 bilhões de habitantes da terra.
O Brasil é líder mundial nas tecnologias de produção na Agricultura Tropical e através da implantação das tecnologias do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC) está preparado para desempenhar o seu papel na produção sustentável de alimentos e agroenergia, recuperando áreas degradadas, reduzindo o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para minimizar os efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global.
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