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Você acredita que o desmatamento das florestas tropicais é responsável pelo aquecimento global? Você acredita que evitar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, e em qualquer lugar, vai solucionar o problema do aquecimento global? Você acredita que os fazendeiros, agricultores e madeireiros são os culpados pelo aquecimento global? Você acredita que os pagamentos por desmatamento evitado são a melhor forma de financiar o desenvolvimento sustentável? Você acredita que usar madeira de florestas tropicais é uma forma de destruir as florestas? Você acredita que a Amazônia está sendo destruída pela exploração de madeira? Você acredita que é melhor optar por produtos substitutos da madeira, como forma de garantir a sobrevivência das florestas e diminuir o aquecimento global?
Se você respondeu positivamente para qualquer das questões acima, você precisa ler o que o livro “Mudanças Climáticas Globais, Florestas, Madeira e Carbono” tem pra lhe dizer. Mentiram pra você, e tem repetido a mentira por milhares de vezes, na tentativa de fazer ela “pegar”. Mas este livro vai tirar você dessa. Uma primeira questão óbvia é: se é verdade que o desmatamento leva ao aquecimento global, porque isto não aconteceu enquanto a Europa, a Ásia e o EUA desmataram a totalidade de seus territórios? E se o uso da madeira prejudica as florestas, porque a Europa e América do Norte são os maiores produtores e consumidores mundiais desta matéria-prima?
A obra trata em detalhes, com fundamentos científicos, a questão do aquecimento global através da história, e faz uma descrição das motivações pela quais mudanças abruptas na atualidade poderiam ser atribuídas as ações humanas - principalmente no setor urbano, e relacionadas com uso de combustíveis fósseis. Os aspectos da adaptação e da mitigação são apresentados de forma descritiva e exemplificados.
O tema dos mercados de carbono é abordado de forma sistemática, demonstrando como surgiram e foram estruturados mercados regulatórios e voluntários, e quais são os principais atores envolvidos na sua implantação e consolidação através dos anos. Uma forma de valorizar o papel dos ecossistemas no fornecimento de serviços para a sociedade, o pagamento por carbono é bem-vindo, mas as tentativas de vincular isto com redução de desmatamento são absurdas.
Neste particular, dos mercados de carbono, o documento reúne informações sobre metodologias para apresentação de projetos, apresentando as minúcias de dados, informações e procedimentos para alavancar atividades voltadas para reduzir emissões ou aumentar sequestro de Gases do Efeito Estufa – GEE. Aumentar o uso da madeira é uma forma de garantir que os recursos financeiros do carbono tenham impacto real na redução dos efeitos dos GEE.
Na discussão sobre Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação – REDD (e REDD+) das florestas, o autor apresenta o tema de forma clara e concisa, incluindo uma crítica dirigida sobre as principais falhas deste mecanismo. Convém afirmar que investir em REDD+ em países em desenvolvimento vai resultar em aumento líquido de emissões em todo o mundo. Não há benefícios para o clima global com a atividade, em compensação, para os agricultores, fazendeiros e madeireiros dos países desenvolvidos a história é outra. O abando dos cultivos agropecuários em países em desenvolvimento vai fortalecer o setor nos países desenvolvidos, garantido renda e facilitando a fixação de uma população rural cada vez menor.
Além da questão de transferência de renda e aumento das emissões do setor agropecuário e florestal nos países desenvolvidos, a existência de imensas áreas de florestas subutilizadas por este subsídio perverso - REDD+, faz sobrar para os residentes nos países em desenvolvimento a pesada carga de ter de conviver com uma imensa quantidade e variedade de doenças tropicais, que proliferam em ambientes abandonados. O risco de epidemias de escala mundial já não é mais abstrato, com surtos que surpreenderam o planeta todo nos anos recentes. Este risco aumenta com a má utilização e restrições ao manejo adequado das áreas tropicais, notáveis reservatórios de doenças transmissíveis graves e letais.
Mas como não veio para apresentar problemas, antes para analisar a melhor solução, o livro passa a tratar das oportunidades para que o setor florestal brasileiro, e dos países em desenvolvimento, venha a obter ganhos significativos com os esforços globais de redução de emissões e/ou aumento de sequestro de GEE.
O livro traz à luz uma questão importante para o desenvolvimento sustentável do país, que é a integração da Amazônia. O Brasil precisa usar mais e melhor as suas florestas tropicais. É urgente e necessário explorar cada vez mais, com maior impacto (maior volume de colheita e de inversão tecnológica e financeira) e intensidade nossas madeiras nobres, como forma de garantir o desenvolvimento sustentável e qualidade ambiental para estas e as futuras gerações.
Usar madeira melhora a sociedade como um todo, e cria um ambiente saudável para que a população seja beneficiada pelas ações socioeconômicas. As madeiras das florestas tropicais estão disponíveis para exploração. A floresta tropical brasileira já passou da hora de ser explorada, apresentando excessos de estoques que comprometem sua sanidade e produtividade. E o mais grave, a sua baixa utilização rouba oportunidades de trabalho e renda para a população mais carente, que poderia utilizar estes recursos para alavancar seu próprio desenvolvimento sustentável, mas acaba indo engrossar os eixos de pobreza e criminalidade nos centros urbanos.
Neste sentido a obra avança ainda mais, demonstrando que as oportunidades dificilmente iriam ser desenvolvidas investindo em parcerias com EUA e Europa, que tem setores florestais muito poderosos e desinteressados no avanço brasileiro. Os parceiros ideais estão no eixo dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China – com África do Sul), que tem apresentado crescimento econômico e potencial para mudar a arquitetura das relações econômicas globais. A obra sugere isenção de taxas e impostos para a madeira e os serviços ecossistêmicos associados à ela, incluindo Carbono. Este tema foi levado para o BRIC por intermédio da FAO, que convidou o autor, único brasileiro a participar de evento oficial do Ano Internacional das Florestas da ONU, para expor a proposta na Índia, em 2011.
Dando sequencia a postura propositiva do trabalho, no último capítulo são demonstradas ações de peso já em implantação no Brasil, para tornar esta abordagem uma realidade. A proposta de legislação federal, a unidade e a plataforma criadas como protótipos e já funcionando, demonstra que a obra não trata de ficção, mas antes de uma realidade inserida no dia-a-dia dos brasileiros.
O autor gostaria que os leitores tomassem o conteúdo como um instrumento de enfrentamento. O livro foi produzido para esclarecer o público sobre o tema das florestas e o papel da madeira para manter uma sociedade soberana, saudável, rica e diversa. A madeira das florestas brasileiras não é menor, por sinal é muito melhor, do que as madeiras das florestas dos outros países, e deve ser utilizada como veículo de crescimento social, ambiental e econômico do Brasil. A madeira brasileira é um produto nobre, de qualidade, com alta rentabilidade e, mais importante, nossa, assim como as florestas. Já passou da hora de passarmos a tratar do que é nosso com propriedade. Boa Leitura!
Texto originalmente publicado em 12/12/2012
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