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Marcelo Pimentel
11/09/2012
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“Esse ano especialmente, o produtor que delegar para o acaso ou para a sorte, pensando que a ferrugem vai acompanhar o comportamento dos últimos anos, poderá cair do cavalo. Corre o risco de ter perdas significativas em sua lavoura se deixar para aplicar o fungicida levando em conta o calendário de aplicações e não no monitoramento”.
As palavras são do pesquisador Fabiano Siqueri, da Fundação MT, que dá o alerta baseado em registros históricos de onze anos de ocorrência da ferrugem asiática em Mato Grosso. Faltando poucos dias para o início do plantio da Safra 2012/2013, todos os indicativos apontam para uma antecipação da presença da doença nas lavouras de soja do estado, chegando antes do florescimento. Costumeiramente, a ferrugem só se manifesta no período compreendido entre o final de dezembro e início de janeiro.
O principal motivo é a combinação da grande presença de plantas de soja da safra passada e o início do plantio da safra seguinte. As chamadas sojas voluntárias ou guaxas ou ainda tigueras, que encontram-se abundantemente espalhadas em todas as regiões do estado de Mato Grosso, germinaram fora das lavouras, em locais por onde passam os caminhões que as carregam, como, principalmente, beiras de estrada ou pátios de empresas. Resultado de descuido de produtores, por não pertecerem a ninguém, não são tratadas ou erradicadas, permitindo que o fungo da ferrugem da safra passada sobreviva para esta. Com o início do plantio, o "encontro" entre as plantas das safras acontece e, historicamente, faz com que a doença chegue mais cedo às lavouras (ouça a íntegra da entrevista).
Para evitar os consequentes prejuízos, e, mais do que isso, não ter quebra de produção num período de preços muito elevados da soja no mercado, o principal aliado do produtor é o monitoramento da lavoura. A prática deverá ser reforçada desde o começo do ciclo.
Rápida identificação da ferrugem asiática é decisiva para evitar perdas
Contudo, de acordo com Siqueri, mesmo depois de mais de uma década de convívio com a ferrugem, não são todos os produtores que estão capacitados a identificá-la em suas fases iniciais, fato que representa mais um fator de risco.
O pesquisador explica que há uma cultura de se fazer as pulverizações de fungicidas baseadas no calendário de aplicações e não no monitoramento. Além disso, as propriedades não possuem equipes próprias para fazer esse acompanhamento. Nos últimos anos deu certo porque a ferrugem tem chegado sempre no final do ano. Todavia, com a doença chegando mais cedo, o monitoramento assume um papel decisivo.
Siqueri observa que não há 100% de certeza que ocorra a antecipação da ferrugem este ano, mas, tendo por base os dados históricos de levantamentos, as chances de que a ferrugem chegue mais cedo às lavouras de Mato Grosso nesta safra são muito grandes.
Siqueri: quem apostar apenas no calendário de aplicações e não no monitoramento pode perder
“Obviamente espera-se que a ferrugem nem chegue, ou se chegar que venha no período tradicional, mas tudo indica que o problema deve mesmo ocorrer. Intensificar o monitoramento da lavoura no início do ciclo, vistoriando as plantas à procura da doença é o mais importante a ser feito. Se precisarem de ajuda recorram a quem sabe, procure informações, treinamento e recursos para evitar danos maiores mais à frente. A poucos dias do início do plantio, ainda dá tempo de afinar esse reconhecimento. É só procurar as pessoas certas”, aconselha.
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