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Kamila Pitombeira
07/12/2012
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O cultivo protegido em forma de "y" com cobertura impermeável para plantio de videiras é uma técnica introduzida e adaptada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) para as condições do Estado de São Paulo e consiste em associar, como o nome diz, o cultivo em sistema y com o cultivo protegido da uva. No Estado de São Paulo, o cultivo de uva de mesa, principalmente a Niágara Rosada, costuma utilizar o sistema de condução em espaldeira, uma espécie de cerca com três fios de arame, onde as plantas são conduzidas. Esse sistema é bastante simples com custo relativamente baixo. Por outro lado, apesar de demandar maior investimento financeiro para sua implantação, o cultivo em y associado ao cultivo protegido, promove aumento de produtividade em até 100% e diminuição de até 70% da incidência de doenças.
Segundo José Luiz Hernandes, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o sistema em y possui mourões mais altos com estruturas em y que permitem que a arquitetura da planta seja modificada, deixando-a maior e ocupando mais espaço.
— Para adotar o cultivo protegido, existem algumas alternativas. O produtor pode usar um telado plástico anti-granizo para proteger a videira de eventuais chuvas de granizo que podem provocar até 100% de perda da cultura. Existe ainda a cobertura com plástico impermeável, o mesmo usado para cobrir estufas de flores e hortaliças. Nesse caso, o produtor protege a uva contra chuva, reduzindo o índice de doenças nas frutas — afirma o pesquisador.
A associação do sistema em y com o cultivo protegido, no caso da videira Niágara Rosada em São Paulo, tem promovido um aumento de produtividade na ordem de 100%, de acordo com Hernandes. Ele diz que o sistema favoreceu ainda a uma redução do uso de defensivos e da incidência de doenças na ordem de 60% a 70%, além da redução de mão-de-obra pela facilidade e possibilidade de mecanização de uma série de atividades que precisam ser desenvolvidas no vinhedo ao longo do ciclo da planta.
— A técnica é mais antiga nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O que fizemos foi trazê-la para São Paulo e adaptá-la para as nossas condições. Para as condições do Sudeste do Brasil, o mesmo feito em São Paulo se aplica muito bem. Para as demais regiões, seria necessário um ou outro detalhe de adaptação — diz o pesquisador.
Para ele, o principal cuidado demandado por esse tipo de cultivo é com o excesso de pulverizações. Isso porque, como a planta fica protegida, os defensivos não são lavados pela chuva nem degradados pelo sol. Portanto, se o agricultor fizer muitas aplicações, poderá ter resíduos na fruta no momento da colheita. Por isso, segundo ele, o controle fitossanitário deve ser diferenciado do cultivo convencional.
— Além disso, é preciso ter cuidado com ventos muito fortes que podem estragar o sistema, arrancando plásticos e aumentando o custo. Para isso, deve-se usar quebra-ventos — orienta.
Hernandes conta que o custo de implantação desse sistema é alto em relação ao custo de implantação do cultivo tradicional. Ele afirma que o custo do sistema em espaldeira gira em torno de R$30 mil por hectare. No sistema de cultivo protegido em y, esse custo pode chegar a até R$70 mil.
— No entanto, em função do aumento de produtividade, da redução do uso de defensivos e mão-de-obra, os produtores que já adotaram esse sistema têm relatado que em duas ou três safras o custo de implantação se paga — explica.
Para mais informações, basta entrar em contato com o IAC através do número (19) 2137-0600.
Reportagem originalmente publicada em 12/08/2011
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