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Juliana Royo e Pedro Zuazo
16/08/2010
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O uso do nim para o controle da mosca das frutas pode ser a salvação da atividade frutícola brasileira. A presença significativa e descontrolada dessa praga nos pomares nacionais representa uma ameaça para a exportação. Responsável por perdas em culturas como manga, goiaba, uva e maçã, a mosca facilita a ação de microrganismos que degradam a polpa da fruta e a tornam imprestável para o consumo. A simples identificação da mosca em território nacional faz países importadores adotarem medidas de restrição quarentenária que paralisam o agronegócio. Com o objetivo de criar formas alternativas de controle da praga, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura da USP desenvolvem um trabalho com o óleo extraído do nim.
A pesquisa aponta duas possíveis utilizações do nim no controle da mosca das frutas. A primeira delas é na forma de detergente de oviposição. A ideia é criar um produto economicamente viável e ecologicamente seguro, cuja aplicação evita que a mosca realize a oviposição no fruto. A outra forma de controle seria na fase de pupa no solo. No ciclo da mosca em que o adulto oviposita no fruto, a lava se desenvolveria e, impupada no solo, ficaria por um período dependendo da espécie. Assim, a praga ficaria imobilizada no solo e o seu controle seria mais fácil. De acordo com o engenheiro agrônomo e mestre em entomologia Márcio Alves da Silva, o objetivo da pesquisa é criar alternativas mais seguras e menos poluentes de controle da praga.
— Atualmente, no Brasil, o controle se resume ao uso de um inseticida organofosforado associado a um atrativo alimentar. As moscas, ao emergir, são ávidas por proteínas, então o atrativo alimentar é a base proteína e, por isso, a forma de isca para seu controle dá certo. Contudo, na atual conjuntura estamos buscando reduzir quantidade de inseticidas no plantio de frutíferas. Um dos nossos objetivos é diminuir o impacto ambiental gerado por esse controle — explica.
Os resultados dos experimentos ainda estão em fase de pesquisa, mas já se sabe que as formas de controle estudadas são possíveis a partir do óleo de nim, que pode ser obitdo pela prensagem da semente. O maior entrave que impossibilita o desenvolvimento da tecnologia é a alta degradação do principal princípio ativo do nim, que impede a criação de um produto comercial. As pesquisas, no entanto, investigam possibilidades de reduzir essa degradação, de forma que ela persista no período melhor para controlar o inseto. Espera-se que em torno de cinco anos os resultados sejam suficientes para a indicação de um produto de qualidade, economicamente viável e ecologicamente seguro para os produtores.
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