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Nos primeiros meses do ano, de janeiro a março, muitos produtores de feijão das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul sofrem com a ocorrência de veranicos e têm perdas significativas de produtividade por causa da seca. O problema se torna mais grave para os agricultores familiares que, muitas vezes, não têm alta tecnologia e não usam sistema de irrigação com pivô central para amenizar o estresse hídrico sofrido pelas plantas. A melhor maneira de acabar com estes problemas é o desenvolvimento de cultivares de feijão resistentes à seca, para isso a Embrapa Arroz e Feijão está trabalhando com diversas pesquisas para identificar quais são os genes de tolerância ao estresse hídrico e fazer novas linhagens para poder criar materiais que não tenham a produtividade reduzida neste período do ano.
— Esses genes podem ser (o ponto de partida) para a busca de variáveis alélicas em bancos de germoplasmas, resultando na identificação de genótipos que tenham potencial de responder de modo mais eficiente ao déficit hídrico. Estes genótipos, por conseguinte, serão aqueles utilizados pelo programa de melhoramento genético para desenvolver cultivares mais tolerantes ao déficit hídrico. Além dessa estratégia convencional, o desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas utilizando genes capazes de aumentar a tolerância ao déficit hídrico também pode ser considerada. O que se busca são plantas que sob esta condição de seca tenham apenas uma pequena redução ou o mesmo potencial produtivo que se espera da planta. O que se busca é que não ocorra quebra de safra, que o produtor tenha uma alternativa de cultivar para plantar na época que ele sabe que vai existir a seca — explica a bióloga Rosana Vianello Brondani, pesquisadora em genética molecular vegetal da Embrapa Arroz e Feijão.
Rosana vai participar do 2º Congresso de Genética do Centro-Oeste, que acontece em Goiânia, no Estado de Goiás, de 1 a 3 de julho. No evento, ela vai mostrar os avanços da pesquisa e explicar como a identificação de genes vai ajudar a melhorar a vida dos produtores. A pesquisadora lembra que já existem cultivares com resistência à seca e cita como exemplo a BRS Agreste, que já plantada por alguns produtores, mas ela diz que a intenção é criar materiais mais completos e diz que nos ensaios de pesquisas algumas linhagens recentes superam o desempenho produtivo da Agreste. Apesar dos ótimos resultados que estão sendo obtidos, o produtor ainda vai precisar esperar um pouco para começar a plantar feijão resistente à seca porque da linhagem até as variedades chegarem ao campo o processo demora alguns anos. A pesquisadora explica que é preciso levar em conta todos os outros fatores de interesse do agricultor como a qualidade de grão, porte de planta, arquitetura, resistência a doenças.
— É um processo contínuo. Hoje, a gente já está colhendo o fruto da pesquisa científica desenvolvida há anos, apesar de ainda não ter chegado ao campo. Ao longo do programa vão sendo feitas fenotipagens consecutivas em que vão sendo identificadas estas famílias que se destacam à tolerância à seca. Para o cultivo do feijoeiro comum a seca chega a comprometer a produção em mais de 1,5 milhões de hectares do cultivo no mundo. Como quantidades expressivas dessa leguminosa são produzidas em sistemas de produção característicos da agricultura familiar, o déficit hídrico pode ocasionar a perda total da cultura, pois geralmente o pequeno agricultor não conta com sistema de irrigação — ressalta Brondani.
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