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A adubação organomineral é uma mistura de compostos orgânicos com a complementação de fontes minerais. Pela alta quantidade de matéria orgânica e minerais, as perdas dos nutrientes como nitrogênio, potássio, fósforo ou ureia são praticamente reduzidas a zero. Com o maior aproveitamento do adubo no solo, o organomineral faz com que o produtor possa usar de 35% a 40% menos das fontes de nutrientes, o que representa uma redução significativa dos gastos do produtor. Além da economia imediata, o agricultor pode gastar ainda menos a longo prazo. Isso acontece porque o adubo organomineral devolve vida ao solo e incentiva a proliferação de microorganismos e reestrutura o solo, que vai absorvendo melhor os nutrientes aplicados. Com isso, após quatro anos de uso do adubo organomineral é possível aplicar até metade da quantidade que estava sendo utilizada inicialmente.
— O adubo organomineral é um fertilizante produzido em duas fases. Na primeira etapa, é obtido um composto orgânico e, para se obter isso, o resíduo orgânico é decomposto. Depois vem a segunda etapa, que é o balanceamento, feito de acordo com a cultura em função da sua exigência e do que o solo pode fornecer. Os custos são consideravelmente reduzidos sem diminuir produtividade. Muito pelo contrário, percebemos que, de um ano para o outro, o solo exigia menos adubação porque ele desenvolveu uma vida. O solo deixou de ser estéril e passou a ser um solo com microorganismos, com matéria orgânica e boa estruturação — explica Jeferson Antônio de Souza, pesquisador na área de solos e nutrição de plantas da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais).
A vantagem econômica é perceptível em qualquer época, mas é ainda maior em épocas de crise financeira, como aconteceu em 2008. Segundo o pesquisador, a ureia que hoje custa cerca de R$ 800 a tonelada chegou a quase R$ 1.900 há dois anos, assim como o cloreto de potássio. Com o preço dos nutrientes nas alturas, o produtor que utilizava o adubo organomineral economizava quase 50% com a adubação sem prejudicar a produtividade.
— Para o café, se for recomendada uma tonelada por hectare de um adubo 20,0520 nós vamos balancear esse organomineral para fornecer quantidades equivalentes de NPK ao 20,0520 com a mesma 1 tonelada. Só que como ele tem características orgânicas e minerais as perdas que normalmente ocorrem com nitrogênio, fósforo e potássio são reduzidas quase a zero. Isso possibilita a gente fazer uma redução de 35% a 40% dessas fontes. Enquanto eu sou obrigado a fornecer 1 tonelada de 20,0520 por hectare para o café eu posso fornecer o equivalente a 650 quilos de adubo organomineral. Essa redução de 40% nas fontes vale para qualquer cultura seja café, milho, soja, cana, feijão. Mas o produtor espera o preço subir para ficar preocupado. Eu acho que o produtor devia se preocupar hoje porque seria até uma maneira dele brecar essa alta no preço dos nutrientes — alerta.
Além do benefício financeiro com a redução de gastos, e o benefício físico e biológico do solo, com o maior aporte de nutrientes e matéria orgânica, a adubação organomineral também tem uma vantagem ambiental. Este adubo é produzido a partir de resíduos orgânicos como restos de culturas e subprodutos da indústria. Esse material seria descartado virando lixo e poluindo o meio ambiente. Ao invés de ficar exposto e virarem poluentes eles são transformados em fertilizantes, acabando com um passivo ambiental. Com isso, o produtor até pode gerar crédito de carbono, um mercado que está se iniciando mundialmente e ainda é pouco conhecido no Brasil, mas que tem um futuro muito promissor e pode elevar ainda mais a renda do produtor que investir em agricultura orgânica.
— Se for olhar pelo lado do produtor a principal vantagem é a econômica, ele vai tirar menos dinheiro do bolso e todo mundo sabe que um produto orgânico pode ser vendido mais caro porque tem um valor agregado. Se eu pensar como pesquisador e agrônomo, as vantagens são as características físicas, químicas e biológicas do solo que são melhoradas com a adubação organomineral. Do ponto de vista do consumidor, ele vai perceber que o produto cultivado é de melhor qualidade. Você ainda tem a despoluição ambiental e pode gerar, inclusive, crédito de carbono — analisa Souza.
O adubo organomineral é viável tanto para os pequenos e médios quanto para os grandes produtores e empresários rurais. A base do adubo é a compostagem de matéria orgânica que é a mistura de sobras da atividade agropecuária como bagaço de cana, palha de café, palha de milho, restos de horta agrícola, serragem e cama de frango. Essa matéria-prima é misturada à fontes minerais e fica pronta para ser aplicada diretamente no solo. Um grande problema enfrentado pelos produtores antes era que essa compostagem levava muito tempo para ser feita, cerca de 3 meses. No entanto, novas tecnologias foram desenvolvidas e já é possível obter o adubo organomineral em apenas 10 dias, facilitando o uso em larga escala.
— Nós trabalhamos com um acelerador de decomposição que proporciona em cerca de 10 dias ele consiga fazer o composto dele. Ele não precisa ficar 3 meses revolvendo aquela matéria orgânica. Ele pode fazer inclusive essa experiência própria no café ao invés de 4 adubações entre outubro e março, como é feito normalmente, a gente faz apenas uma adubação com organomineral com dose total no final de setembro, antes da chuva. Esse adubo jogado debaixo da saia do café, ficando livre de raios solares e lavagem pela chuva aguenta 60 dias na sombra da saia do café e logo que dá a primeira chuva desce aquele sumo que desce para as raízes da planta e em 15 dias a gente já a vê a coloração das folhas do café mudando. Existem muitas tecnologias alternativas é só uma questão de correr atrás — ressalta o pesquisador da Epamig.
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