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A cultura de arroz, trigo, sorgo, cevada, aveia e centeio, todos considerados grãos miúdos, representa aproximadamente 17% da produção nacional. No entanto, nos processos de semeadura atuais, o produtor acabe perdendo muitas sementes devido à quebra, além da distribuição desuniforme por metro linear. Para melhorar a qualidade da produção, um projeto de mecanismo para semeadura de precisão de sementes miúdas foi desenvolvido na Faculdade de Agronomia da UFPel e já conta com patente, mas ainda encontra-se em laboratório à espera do interesse das empresas em produzi-lo.
Apesar de o projeto focar na semeadura de arroz, o mecanismo pode ser utilizado em todas as culturas de grãos miúdos. Segundo o professor, o dosador tem funcionamento bastante simples, portanto, possui grande chance de sucesso. Porém, ainda falta mais divulgação e o interesse de empresas em produzir o equipamento, adaptando-o às suas necessidades e ao seu público.
— Muitos produtos esbarram na cultura, na falta de uma visão de cadeia — lamenta o professor sobre a visão imediatista, a lógica de ganhar sem muito esforço e a dificuldade do mercado em assumir riscos.
Mecanismo pode ser utilizado em todas as culturas de grãos miúdos
O mecanismo dosador patenteado tem princípio mecânico e é pensado para ser acoplado aos tratores. Foi concebido para garantir a colocação das sementes dentro da linha de semeadura com distâncias pré-definidas, tornando possível quantificar o número de grãos distribuídos por metro linear. Essas máquinas possuem mecanismos dosadores que permitem a colocação de sementes espaçadas umas das outras, dentro da linha de semeadura, com distâncias definidas, gerando assim um potencial para a redução da quantidade utilizada por hectare.
— O dosador visa atender uma demanda dos produtores de arroz que cada vez mais precisam comprar menos sementes. Esse dosador consegue colocar poucas sementes por metro e tem como característica ser bastante estreito, cabendo assim em uma máquina para semear arroz — afirma Ângelo Vieira dos Reis, professor da Faculdade de Agronomia da UFPel.
Segundo ele, o mecanismo foi produzido visando facilitar o manejo, para que o agricultor não precise mudar seu sistema de produção. O dosador pode ainda diminuir o custo de produção, pois semeia com menor quantidade de arroz, além de melhorar a qualidade da semeadura por não quebrar as sementes.
Dosador torna possível quantificar o número de grãos distribuídos por metro linear
— Ficou claro que com a tecnologia atual há uma limitação na quantidade mínima de sementes que pode ser utilizada numa área, um obstáculo à redução dos custos de produção, principalmente quando se considera o preço das sementes de qualidade — destaca Ângelo, que observou no mercado brasileiro e mundial a inexistência de semeadoras de precisão para grãos miúdos. Para sementes grandes, como o milho, há equipamentos do gênero.
A ideia do projeto partiu segundo avaliações feitas por alguns pesquisadores. Segundo o professor, a recomendação de quilos de arroz por hectare (que em 1999, quando o projeto foi iniciado, estava em 150 kg/ha), está baixando e hoje a recomendação para sementes de arroz híbrido está em torno de 40 kg/ha.
— Isso gera a necessidade de um espaçamento muito grande de sementes e as máquinas atuais não têm essa capacidade — explica Reis.
Reportagem exclusiva originalmente publicada em 13/06/2012
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