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A mandioca é conhecida como uma cultura ligada à agricultura familiar e à subsistência indígena. No entanto, da década de 90 para cá, muita coisa mudou na indústria da mandioca e em várias regiões do país, principalmente no Centro-Sul, a mecanização do plantio, colheita e processamento da mandioca já é uma realidade que aumenta o rendimento do produtor. Com o afofador, por exemplo, que é um aparelho que tira a raiz da mandioca da terra, o rendimento do produtor pode triplicar. Se antes o produtor conseguia colher 1 tonelada de raízes por dia, com a ajuda das máquinas ele consegue de 3 a 4 toneladas por dia.

— Ainda muitos segmentos da sociedade imaginam que a cultura da mandioca é somente cultivada por índios ou agricultores familiares. Esse tipo de modelo mudou muito em algumas regiões do país. Grandes empresas estão no setor e a cadeia produtiva tomou um rumo muito diferente. De 15 anos pra cá, as evoluções foram bastante interessante. Praticamente o plantio da lavoura é todo mecanizado e nós estamos partindo para uma colheita quase totalmente mecanizada. Antes, o agricultor tinha que preparar o material de plantio, cortar o material em pequenos segmentos que, dependendo da região do Brasil, chama-se de maniba, que são pedaços em torno de 10 cm a 15 centímetros de tamanho. Depois ele tinha que abrir o suco manualmente, plantar essa maniba e cobrir. Atualmente, todas essas etapas são feitas de uma vez só. Isso facilita muito o trabalho, além de garantir um plantio mais bem feito, principalmente, em relação à umidade do solo — explica Mário Takahashi, pesquisador do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná).
A etapa do processamento da mandioca também se expandiu junto com a mecanização. A mandioca é transformada basicamente em dois produtos: a farinha de mesa e o amido. O processamento da farinha de mesa ainda é feito artesanalmente em algumas regiões como no Norte e Nordeste, mas segundo Takahashi, a produção do amido é bem mecanizada. Ele diz que o amido ganhou uma enorme variedade na sua utilização graças à tecnificação. Atualmente o produto é usado como matéria-prima para diversas indústrias como alimentícia, papeleira e farmacêutica. Segundo o pesquisador do Iapar, o produtor ganha indiretamente com isso porque as fábricas passam a valorizar mais a matéria-prima cultivada pelo agricultor. Takahashi cita muitas vantagens para o processo de mecanização da cultura da mandioca e critica quem diz que as máquinas prejudicam o produtor rural.
— A grande vantagem para o produtor é que muitas etapas que eram manuais passaram a ser mecanizadas. Com isso, o custo-benefício melhorou bastante. Logicamente existe a convivência, se a gente pegar um país de condições continentais como o Brasil em que a cultura é nativa, os contrastes são bastante interessantes. Você convive na região Norte e Nordeste com tratos artesanais e ao mesmo tempo você tem na Região Centro-Sul unidades extremamente tecnificadas, seja na lavoura ou na parte industrial. Muitas pessoas falam que a mecanização expulsou o trabalhador do campo, mas isso é um grande engano. Você na verdade melhorou o tipo de trabalho que esse trabalhador realiza no campo — defende Takahashi.
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