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A Embrapa Hortaliças está lançando uma nova pimenta que é ideal para a indústria de conservas. A pimenta-bode, que ganhou este nome pelo seu cheiro forte característico que desperta o paladar, produz frutos pequenos, de qualidade uniforme e com produtividade de cerca de 10 toneladas por hectare. Porém, o ótimo produto ainda está em fase de certificação e só deve chegar ao mercado para os produtores no ano que vem. Por enquanto, a Embrapa não pode nem divulgar o nome oficial, de batismo da pimenta, pode apenas chamá-la de pimenta-bode, que é o nome comercial.
— As pessoas que gostam de pimenta, que apreciam, quando sentem o cheiro de uma conserva da pimenta-bode chegam a salivar a boca, porque o cheiro destacado dela estimula o apetite e dá vontade de experimentar, de comer a conserva. Ela está sendo recomendada para o Estado de Goiás e Minas Gerais, que tem tradição na produção e consumo de pimenta e está com produtividade média de cerca de 10 toneladas por hectare — diz o pesquisador Geovani Bernardo Amaro, melhorista da Embrapa Hortaliças.
A maior qualidade da pimenta-bode, no entanto, é a característica dos seus frutos que são pequenos e com alta uniformidade e, por isso, são ideais para a indústria de conservas. A semente produz frutos padronizados, de alto nível, com boa produtividade e todas com as mesmas características físicas. Não há grande variação de coloração e tamanho entre os frutos.
— O Brasil está partindo para uma melhoria na qualidade da sua pimenta. O consumidor quer uma pimenta com mais qualidade na conserva. Quando o produtor pega uma semente qualquer e planta ele vai colher plantas com padrões diferentes, algumas boas outras ruins, frutos vermelhos, amarelados, arroxeados, frutos grandes e pequenos e o mercado não quer mais esta mistura de qualidades. O mercado de processamento quer padrão. Se ele produziu este ano material bom, botou no mercado e houve boa aceitação no ano seguinte, quando ele for processar novamente a pimenta, ele vai querer a mesma qualidade. A pimenta-bode, além de ter frutos com tamanho bom para conserva e cheiro bem destacado, tem estabilidade e uniformidade com relação à produção de frutos — comemora Amaro.
Mas os produtores terão que esperar um pouco para plantarem a pimenta promissora por causa da burocracia envolvida na certificação e comercialização de sementes. A Embrapa vai fazer o lançamento da pimenta-bode em junho e já encaminhou o processo para registro no MAPA (Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento) para produzir as sementes genéticas nos campos experimentais de produção. A partir de junho, começam as negociações com as empresas multiplicadoras de sementes que vão disponibilizar a pimenta para o mercado. Como este processo é demorado, por causa da burocracia envolvida, a semente certificada das empresas deve começar a ser produzida só no fim deste ano e início do ano que vem e deve levar mais uns seis meses até elas serem multiplicadas e estarem disponíveis para a comercialização.
— Eu imagino que o produtor só vai poder comprar a semente da pimenta-bode no segundo semestre de 2011 e o consumidor só vai poder experimentar o sabor da pimenta em 2012. Infelizmente, por causa da burocracia, não é um processo tão rápido quanto nós gostaríamos que fosse. As pesquisas para o desenvolvimento da pimenta-bode começaram em 2002 para se chegar ao resultado atual — explica.
No entanto, alguns produtores não precisam esperar tanto tempo para experimentar as sementes nas suas plantações. Amaro explica que assim que a certificação for liberada, em junho, e a negociação com as empresas começar, alguns produtores poderão fazer testes com a pimenta-bode. Os interessados devem procurar as agências extensionistas do seu Estado (Emater) e podem fazer uma parceria com a Embrapa Hortaliças. O produtor instala em sua propriedade a chamada unidade demonstrativa, que será acompanhada por técnicos, e passa informações para a Embrapa sobre o desempenho do novo material. Além disso, ele se compromete a não multiplicar as sementes, produzir sementes próprias ou comercializá-las. A vantagem é que o produtor terá acesso à nova pimenta em primeira mão e poderá comercializar antes de todo mundo os frutos no mercado.
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