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O uso indiscriminado dos inseticidas piretróides e organofosforados para eliminar a mosca-dos-chifres dos rebanhos brasileiros causa a reprodução de indivíduos resistentes, tornando as aplicações cada vez mais ineficazes. Ainda em fase de análise pelo corpo técnico da Embrapa, uma proposta de pesquisa prevê a utilização de sequências genotípicas para diagnosticar os genes de resistência do inseto. O método, de origem norte-americana, é inédito no Brasil e identifica o DNA por meio de marcadores moleculares. Além de diminuir os impactos causados pelo descarte de produtos químicos na natureza, o intuito é construir novas metodologias de combate à praga, utilizando outros tipos de fármacos e métodos de controle biológico.

Pesquisadora da Embrapa Rondônia, Luciana Gatto Britto conta que as infestações mais avançadas podem somar até cinco mil moscas sobre um bovino durante vinte e quatro horas por dia. O estresse provocado por esse incômodo afeta diretamente a alimentação, comprometendo a produtividade, o ganho de peso e o tempo de terminação dos animais.
— Inicialmente, esses insetos serão quantificados nos rebanhos dos Estados de Rondônia e São Paulo. A correlação entre a quantidade de moscas e carrapatos também é importante, porque esses tratamentos químicos afetam o comportamento de outros hectoparasitas. Visando reduzir as possibilidades de erros e evitar desperdícios, antes de serem encaminhadas para os exames laboratoriais, de alto custo, com os marcadores moleculares, as amostras serão submetidas a testes com papéis impregnados para uma pré-seleção — explica.
De acordo com a pesquisadora, embora as perdas econômicas na pecuária sejam bastante significativas, não há uma quantificação mais exata dos prejuízos, porque está cada vez mais difícil encontrar propriedades livres do problema para termo de comparação. No primeiro momento, as Embrapas Rondônia e Pecuária Sudeste estarão à frente do programa, que contará com a cooperação de um laboratório de referência internacional na matéria, situado nos Estados Unidos. A perspectiva é que a experiência se estenda a outras unidades, para que a médio e longo prazo o sistema produtivo nacional possa desfrutar dos benefícios desses testes moleculares.
— Apenas uma parcela muito pequena dessas moscas é naturalmente tolerante aos produtos usados tradicionalmente. Porém, a capacidade reprodutiva da praga varia entre 18 e 22 gerações anuais e o espaço de tempo entre as pulverizações é muito curto. Com a eliminação da parcela sensível, os resistentes dominam a população, dificultando muito o controle do problema. No caso dos piretróides, a mutação do gene impede o funcionamento de um dispositivo do sistema nervoso do inseto, que daria acesso ao princípio ativo. Com os organofosforados, há um aumento do metabolismo para limpar o organismo da mosca. Essa técnica permite a identificação e confirmação desses genes que controlam a absorção dos inseticidas — explica ela.
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