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Com a época de plantio do arroz iniciada em várias áreas do País, os produtores do cereal precisam se preocupar em formar a lavoura da melhor maneira possível e tomar cuidados importantes no controle de doenças para garantir boas produtividades. A brusone é a principal doença do arroz em todo o Brasil. Ela é causada por um fungo e provoca sérios danos à planta, podendo chegar a destruir 100% da plantação. A mancha do arroz também é uma doença muito importante em algumas regiões do País, principalmente para o arroz de terras altas. Ela causa manchas nos grãos, como o nome da doença sugere, gerando grandes perdas de qualidade e até a perda de praticamente toda a produção. Não há uma única solução para combater estas doenças. O produtor precisa se cercar de diversos tipos de cuidados para ter uma lavoura saudável e produtiva.

Os primeiros cuidados são fundamentais para o sucesso da produção. Escolher uma boa área de plantio em um região de clima e solo favoráveis, longe de fazendas com infestação de doenças, fazer o preparo adequado do solo e, principalmente, plantar sementes sadias são algumas medidas importantes. O agricultor deve verificar a procedência e o estado sanitário das sementes que vai utilizar no seu terreno, porque se elas já estiverem infestadas com os fungos podem contaminar a lavoura. Uma das decisões mais importantes é a escolha da cultivar a ser utilizada. O produtor deve escolher aquela que mais se adapte às suas condições e, de preferência, que apresente alguma tolerância à brusone ou tenha uma melhor qualidade sanitária. Alguns agricultores não sabem, mas a adubação também influencia na ocorrência de doenças. O excesso de nitrogênio, potássio e fósforo pode favorecer o surgimento de doenças como a brusone. No caso do arroz irrigado, o manejo da água, para que ela não seja aplicada em excesso, também deve ser feito com cuidado.
— A brusone ocorre em toda a parte aérea da planta e se inicia logo nos primeiros dias da cultura. Isso varia de acordo com o sistema e manejo, mas a partir de 15 a 20 dias já é possível ver os sintomas. Ela começa com pequenas pontuações marrons e as lesões vão se alongando de forma elíptica. As lesões podem se juntar, podendo queimar toda a área verde da folha. Um segundo momento muito importante da doença é a fase de panícula, que a gente chama de brusone no pescoço, em que ela afeta diretamente produção e a panícula fica murcha. A mancha de grãos ocorre na época de formação dos grãos. Ela é favorecida com a ocorrência de chuvas em grande intensidade na época da formação de grãos e com a presença do percevejo dos grãos, que é um inseto que pica o grão e deixa a entrada liberada para os fungos e bactérias mancharem o grão — explica a doutora em fitopatologia Valácia Lemes da Silva Lobo, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão.

Após os devidos cuidados terem sido tomados no plantio, a chance para a infestação das doenças na lavoura é muito menor e, com isso, torna-se desnecessário, algumas vezes, o uso de fungicidas ou agrotóxicos de outro tipo. A pesquisadora lembra que as aplicações devem ser feitas somente com o monitoramento da doenças após a avaliação das chances de ocorrência dos fungos, pelo histórico da área, condições climáticas e de solo. Além disso, é preciso respeitar o período de carência dos produtos e fazer a pulverização na época recomendada.
— Nem sempre é necessário o controle químico, depende muito das condições e que a sua lavoura é implantada. Se você não tem situação climática de risco, é preciso apenas ficar atento, não precisa aplicar já o produto. Tem que fazer a análise de que cultivar foi plantada, em que época foi feito o plantio, se a lavoura vizinha é infestada. Se for necessário o uso de químicos, que a aplicação seja feita da forma correta, com o produto indicado para aquele problema, na época correta. Muitas vezes a gente vê o produtor fazer o controle químico na época inadequada e com produto não-recomendado. São várias medidas adotadas em conjunto, porque uma medida sozinha não resolve o problema da doença — destaca Valácia.
O uso de cultivares resistentes ou tolerantes é uma das principais medidas de combate a doenças. Já existem alguns materiais com boa tolerância à brusone e a outros patógenos. No entanto, a doutora em fitopatologia explica que é difícil uma cultivar ser totalmente resistente à brusone, porque ela possui várias raças diferentes e alta capacidade de mutação. O mercado já possui sementes com tolerância e indicadas para cada região específica de produção de arroz. Os produtores interessados podem entrar em contato direto com a Embrapa Arroz e Feijão para se informarem sobre o melhor material para a sua região e época de plantio mais recomendada. O site da instituição é www.cnpaf.embrapa.br .
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