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Anelise Macedo, Embrapa Hortaliças
13/03/2017
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A tecnologia já dispõe de inúmeros relatos de resultados ligados ao seu uso no plantio de grãos, mas no quesito referente ao cultivo de hortaliças a literatura é escassa e os dados ainda pontuais e inconsistentes. Para suprir essa deficiência, estudos comparativos estão sendo desenvolvidos na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) com o objetivo de avaliar os impactos produzidos a partir da introdução do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em experimentos conduzidos nos campos experimentais da Unidade.
De acordo com o pesquisados Carlos Pacheco, da área de Solos e Nutrição de Plantas e que atua na mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças climáticas, o uso ainda esparso da tecnologia pode ser explicado pelo pouco conhecimento por parte da cadeia produtiva, uma realidade que já vem sinalizando algumas mudanças.
“A partir da divulgação desses múltiplos resultados que estamos obtendo na Embrapa, e em outros órgãos que desenvolvem sistemas de produção sob plantio direto, já deu para perceber, pela demanda por informações, um aumento do interesse, recentemente reforçado pela questão da crise hídrica”, anota o pesquisador.
Segundo ele, há bem pouco tempo os benefícios do uso do SPDH estavam relacionados à conservação do solo. Atualmente, existe também o reconhecimento de que esse sistema é uma importante ferramenta de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E os números comprovam. “Resultados publicados pela equipe envolvida com o tema relatam o papel que o SPDH desempenha no incremento dos teores de carbono no solo, na redução das perdas de água e solo e na melhoria do microclima de cultivo, reduzindo a necessidade de uso da água para irrigação e a ocorrência de grandes variações de temperatura na superfície do solo”, destaca Pacheco.
Ele acrescenta que em um dos trabalhos, por exemplo, observou-se que a temperatura na superfície do solo cultivado com brócolis em SPDH esteve em torno de 4ºC menor que aquela registrada no sistema convencional. Segundo o pesquisador, essa diferença foi fundamental para a manutenção da temperatura dentro do limite máximo (30ºC), considerado ótimo para cultivo dessa hortaliça no SPDH.
O SPD é uma das tecnologias inseridas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), do governo federal. “Nossos resultados mostraram claramente que o SPDH, após seis anos de uso, foi capaz de aumentar os níveis de carbono no solo. Esse aumento se deu tanto em frações da matéria orgânica, facilmente degradáveis, como nas de difícil degradação, o que nos leva a projetar um efeito positivo a longo prazo”.
Ganhos contabilizados
Respostas a muitos dos experimentos que vêm sendo realizados na área da Embrapa Hortaliças já foram devidamente contabilizadas, a exemplo da medição do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), que quantifica os microrganismos do solo, conforme trabalho desenvolvido pela pesquisadora Mariana Fontenelle. No cômputo geral, o CBM manteve-se mais elevado no plantio direto quando comparado ao sistema de preparo convencional, o que representa uma rápida resposta, considerando-se apenas dois ciclos de cultivo de melão.
“Isso implica em uma melhoria na qualidade do solo, com incorporação de matéria orgânica e aumento na diversidade de microrganismos benéficos, traduzido em aumento na produtividade”, sintetiza Mariana.
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