Estima-se que a área destinada às pastagens seja de 34 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 26% da superfície terrestre do planeta ocupada por gramíneas e herbáceas nativas ou introduzidas. A degradação das pastagens é um problema mundial, presente na África, na Ásia, Austrália, América do Norte e Sul. Essa degradação é devido a práticas inadequadas de manejo, à falta de manutenção e uso de área imprópria à pecuária, à baixa fertilidade dos solos e ao uso de forrageiras inadequadas, entre outras razões.
Para o Brasil, a Embrapa Gado de Corte estimou cerca de 80 milhões de hectares de pastagens naturais e 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas, sendo a região Sudeste a possuidora da segunda maior área (20,1 e 22,5 milhões de hectares de pastagens naturais e cultivadas, respectivamente). Porém, as áreas totais de pastagens e a porcentagem degradada ainda não estão quantificadas com exatidão. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estima que o Brasil possua aproximadamente 30 milhões de hectares de pastagem com algum grau de degradação. Isso significa 300 mil km2, ou seja, 3% da extensão do território brasileiro, área comparável à do Estado do Maranhão. A deterioração física e química dos solos das pastagens, consequentemente, causa o declínio da produção animal. Entretanto, não menos importante é a garantia da preservação dos ecossistemas naturais.
Um estudo coordenado por pesquisadores da Embrapa Monitoramento por Satélite identificou níveis de degradação em áreas de pastagem e aplicou um método de análise multicritério para determinação de um índice de sustentabilidade, considerando parâmetros físicos, químicos e biológicos do solo. Os resultados mostraram que variáveis como “produção de biomassa aérea seca” e “resistência à penetração no solo” podem ser utilizadas como referência para a identificação do grau de degradação das pastagens. O método foi aplicado em quatro áreas localizadas no município de Guararapes, no oeste do Estado de São Paulo, onde a principal atividade econômica ainda é a bovinocultura de corte. Para tanto, foi utilizada a metodologia Measuring Attractiveness by a Categorical based Evaluation Technique (M-MACBETH). Nessa metodologia, as funções de valor são obtidas mediante julgamentos semânticos realizados por meio da comparação da diferença de atratividade entre duas linhas de ação quaisquer, sempre aos pares. Esse fato simplifica bastante o julgamento do decisor e, com isso, tenta contornar as limitações encontradas em outros métodos.
Considerando aspectos como produção potencial de biomassa, presença de plantas invasoras e de erosão nas áreas estudadas, as pastagens foram classificadas em: não degradada, baixa degradação, média degradação e alta degradação. Nessas áreas foram coletadas amostras de solo para determinação de parâmetros físicos, químicos e biológicos, sendo que, para a construção da análise, foram definidos os seguintes critérios ambientais: aspectos físicos (densidade do solo e resistência à penetração; infiltração de água no solo e microporosidade do solo), aspectos biológicos (produção de biomassa seca aérea e atividade microbiana do solo, estimada pelo fluxo de CO2) e aspectos químicos (pH, saturação de base, conteúdo de matéria orgânica e fósforo total dos solos).
A avaliação das pastagens, a partir dos oito indicadores selecionados, forneceu uma satisfatória e consistente avaliação do nível de degradação em um contexto ordinal. As pastagens com níveis maiores de degradação ocuparam posições que indicaram maior necessidade de determinados tipos de intervenção, como sua recuperação ou reforma. Assim, a pastagem classificada como não degradada obteve índice global de sustentabilidade de 69,4, sendo o valor 100 o ideal. Para a pastagem considerada com baixa degradação, foi obtido o índice de 32,8. Nas pastagens com média e alta degradação foram obtidos valores de sustentabilidade negativos, respectivamente -33,9 e -55,8.
O estudo desenvolvido e a aplicação da metodologia, gerando índices de sustentabilidade, vêm contribuir para as iniciativas em torno da identificação e avaliação dos graus de degradação das pastagens cultivadas naquela importante região produtora, oferecendo informações importantes para tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas para o setor pecuário e ambiental.
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