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Marcos Vicente, Embrapa Meio Ambiente
30/05/2017
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Em ação inédita no Brasil para levantar informações das pastagens brasileiras, uma missão da Embrapa e Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG) percorreu, entre os dias 3 e 19 de maio, um trecho de aproximadamente 4,3 mil km pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
O Percurso foi especialmente selecionado com base nas áreas de maior número de financiamentos concedidos pelo Plano ABC para a recuperação de pastagens e implantação de sistemas Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) nos últimos anos.
A equipe composta pelos analistas da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Sandro Marschhausen e Tadeu Lana, e do pesquisador associado Sergio Nogueira, do (Lapig). O grupo coletou dados temáticos sobre a distribuição espacial das pastagens, níveis de degradação e grau de integração com Sistemas ILPF, associadas às amostras de solo para análise de carbono. Os dados sobre as condições das pastagens coletados na viagem já compõem um banco de dados baseado na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) e, em breve, também estão disponibilizados em ferramenta Mobile de georreferenciamento que a Plataforma ABC lançará nos próximos dias.
Inicialmente o aplicativo será voltado para um grupo de especialistas da Embrapa e parceiros da Rede ILPF, que agrega as empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta e a Embrapa. Pelo caráter colaborativo do software, baseado em sistema Android, os primeiros usuários técnicos continuarão a alimentar o banco de dados para uso comum. Utilizará estrutura orientada a objeto, onde toda ação ocorre em bases georreferenciadas, a partir do ponto de localização do usuário. Após a primeira fase, de validação, o aplicativo estará disponível para o público, como estudantes, profissionais da cadeia produtiva e produtores, dentre outros.
Essa é a primeira iniciativa da Embrapa, por meio da parceria da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Plataforma ABC), Rede de Fomento ILPF e Lapig/UFG, que é coordenado pelo professor Laerte Guimarães.
A recuperação de pastagens degradadas e Sistemas Integração Lavoura - Pecuária - Floresta (ILPF), são alternativas tecnológicas apoiadas pelo Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) do Governo Federal e parte dos compromissos internacionalmente assumidos pelo Brasil perante a Organização das Nações Unidas (ONU) na COP 15 e revisadas em Paris na COP 21, para reduzir as emissões dos gases causadores do efeito estufa.
Conforme ressaltou o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador da Plataforma ABC Celso Manzatto, a missão de realizar o mapeamento para indicar, por Estados da Federação, as áreas de pastagens degradadas e/ou com baixo potencial produtivo é um compromisso da Embrapa, expresso no Plano ABC.
Segundo ele, a Plataforma ABC já estabelece protocolos para monitoramento das áreas recuperadas e agora também associam metodologias de coleta em campo e sensoriamento remoto, visando maior agilidade e exatidão no levantamento. “Também buscamos construir parcerias sólidas junto às instituições e grupos privados, na busca de intensificarmos os esforços na identificação e caracterização do nível de degradação das pastagens,” disse Manzatto.
Paralelamente, o Lapig tem compilado e gerado uma série de dados históricos sobre as pastagens brasileiras, que servem de apoio aos estudos do Observatório ABC da Fundação Getúlio Vargas - FGV e o Centro Estudos em Agronegócio - GVAgro, onde a parceria com a Plataforma ABC e Embrapa pretendem validar a sistematização do protocolo de coleta de dados proposto pela Rede ILPF, automatizar os procedimentos de campo para a caracterização das pastagens, nível de degradação e a identificação e qualificação dos sistemas ILPF adotados pelos produtores rurais no Brasil.
Este esforço marca o início da estratégia da Plataforma ABC em trabalhar de forma multi-institucional, aperfeiçoando o uso dos recursos financeiros para a realização de validações de campo em larga escala.
Neste sentido, o levantamento de sequestro de carbono em solo de pastagens, com diferentes níveis de degradação dá continuidade à inciativa da própria Embrapa, como uma base de dados inédita e disponível gratuitamente, para os diversos parceiros públicos e privados, interessados no tema.
Ainda segundo Manzatto, que também integra a Rede de Fomento ILPF, não é possível realizar estimativas de carbono e redução das emissões de Gás Efeito Estufa (GEE), enquanto base de políticas públicas, sem um intenso esforço entre parceiros público-privados.
Esse é um dos principais objetivos da Plataforma, que nasceu multidisciplinar justamente para abrigar diversos atores e suas expertises, ante aos grandes desafios propostos na sua missão.
Conforme ele, para cobrir as dimensões territoriais brasileiras, tem sido vital a especialidade dos profissionais da Plataforma em técnicas de processamento e análise de dados de sensoriamento remoto.
Banco de dados sobre uso da terra
É Objetivo da Plataforma ABC estabelecer um grande banco de dados de acesso livre, política adotada também pelo Lapig, em relação ao uso da terra.
A estratégia visa disponibilizar uma ferramenta com capacidade de apoiar as pesquisas e diminuir os custos de estudos sobre o mapeamento e a dinâmica de uso das terras. O banco permitirá correlacionar os dados coletados em campo, etapa mais dispendiosa de recursos destes estudos, com imagens de satélite, potencializando a detecção de pastagens degradadas e sua relação com estoques de carbono, demanda que precisa ser quantificada de maneira mais exata em todo território nacional.
Para exemplificar a importância da captação e geração de dados dos sistemas produtivos nacionais de modo mais robusto, o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) Eduardo Assad, recorda o recente exemplo ocorrido no levantamento de dados sobre adoção de ILPF no Brasil.
Conforme Assad, o papel da Embrapa na geração de dados desse tipo é de fundamental importância para o posicionamento estratégico do Brasil frente ao mercado consumidor internacional. “Especialmente no momento em que o Governo Federal estimula a inciativa privada a juntar esforços para o estabelecimento de programas de “compliance” – um conjunto de práticas destinadas ao cumprimento de normas governamentais ou do setor privado, visando comprovar a qualidade e a sustentabilidade ambiental da produção agropecuária nacional,” finalizou.
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