O guaranazeiro, pertencente à espécie Paullinia cupana var. sorbilis, é um importante e tradicional cultivo no Estado do Amazonas. Trata-se de uma planta genuinamente brasileira, sendo o Brasil o único produtor comercial desta espécie em todo o mundo. Na atualidade possui grande importância econômica e social, especialmente para a região de sua origem, a Amazônia, como também para outros Estados brasileiros como Bahia, Mato Grosso, dentre outros. Os estudos científicos visando a sua domesticação e a geração de novas tecnologias para seu cultivo são relativamente recentes e começaram a ganhar força efetivamente a partir da década de 1980, no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, no município de Maués, interior do Amazonas. Destas pesquisas resultaram dezoito (18) clones superiores, que foram lançados como cultivares.
Agora, em 2014, a tríplice parceria entre a Agropecuária Jayoro Ltda., Pinhalense S.A. Máquinas Agrícolas e Embrapa lança a Nova Tecnologia de Sistema Mecanizado de Processamento Pós-Colheita de Guaraná, representada por um maquinário adaptado e ajustado para a cultura, assim como o novo processo resultante dessa tecnologia: o despolpamento dos frutos/sementes sem ser necessária a fase de fermentação.
Quebra-se, assim, o paradigma secular de que para um beneficiamento efetivo havia a necessidade da fase de fermentação dos frutos/sementes por, no mínimo, 72 horas. Os equipamentos, em sua maioria, foram adaptados da cultura do café, após terem passado por quatro anos de ajustes. A usina completa é constituída pelo conjunto: desracemador (sendo este o único equipamento que não é empregado um similar para a cultura do café), despolpador, lavador/separador de cascas/sementes, secador, dentre outros acessórios, e foi definida, testada e validada na Agropecuária Jayoro, em Presidente Figueiredo (AM).
O processamento pós-colheita de guaraná é o segmento da fase produtiva que demanda atenção especial, por ter implicações no rendimento e na qualidade do produto final. Dada a complexidade das operações de despolpamento, separação das frações cascas/sementes/arilo e também do difícil processo de secagem/torrefação das sementes, tornam-se impraticáveis essas tarefas de maneira artesanal, quando se trata de grandes volumes de produção, uma característica dos grandes grupos comerciais no Amazonas.
Da mesma forma, o aumento da produtividade da pequena propriedade nos últimos anos acabou dificultando a realização do preparo e beneficiamento das sementes com as metodologias tradicionais, desprovidas de tecnologia adequada.
Destaca-se, ainda, que outros fatores limitam a fase de pós-colheita sem o emprego da mecanização, como o fato de a operação necessitar de: grandes espaços físicos para fermentação, maiores consumos de energia, tempo e mão de obra, além de provocar a contaminação microbiológica da massa de grãos, bem como contaminações ambientais, especialmente dos cursos d´água, por ocasião da lavação das sementes. Todos esses fatores, isolados ou em conjunto, oneram o custo de produção, diminuem a margem de lucro, dificultam a obtenção de qualidade, trazendo também riscos ao meio ambiente.
Assim, o lançamento do Sistema Mecanizado de Processamento Pós-Colheita resolve um dos principais gargalos existentes até então no Sistema de Produção de Guaraná. Mas outros desafios estão por vir, e a Embrapa e instituições parceiras estão atentas para propor soluções eficientes.
Para saber mais sobre o Sistema Mecanizado de Processamento Pós-Colheita de Guaraná acesse aqui o comunicado técnico.
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