Dentre as inúmeras atividades rurais, a operação com tratores agrícolas presta muitos serviços ao homem do campo. Com a mecanização agrícola o produtor consegue extrair o máximo da terra com o menor esforço, juntamente com diversos implementos facilitando a realização de várias atividades que vão desde o preparo do solo, semeadura até transporte do produto final.
Cada vez mais a tecnologia tem atuado para melhorar as condições de trabalho do operador de trator no campo, melhorando a segurança e o trinômio “ambiente-homem-máquina”. Mas mesmo com toda a tecnologia disponível atualmente, na maioria das regiões do Brasil a frota de tratores ainda é bem antiga, sendo que muitas dessas máquinas não atendem as novas normas de segurança e nem mesmo possuem cabines adequadas para proteger os operadores dos elevados índices de radiação solar a que diariamente são expostos.
O operador de máquinas agrícolas durante a sua jornada de trabalho diária é exposto à radiação em diferentes níveis. Nas horas mais quentes do dia a pele e a visão sofrem mais com a incidência solar, além de causar um desconforto térmico, que interfere no desempenho da atividade, pois a vestimenta do operador é projetada apenas para segurança do mesmo com relação a máquina e não a condição ambiental da região onde se encontra.
Como exemplo, em setembro deste ano segundo Raul Fritz, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no dia 25/09/2013, o Ceará registrou Índice Ultravioleta igual a 14, sendo que o máximo desta escala é 16. Embora os ventos amenizem a sensação térmica, o calor excessivo e a exposição prolongada ao sol podem causar doenças como queimaduras, câncer de pele, catarata, envelhecimento precoce, bem como também poderá causar fadiga, desconforto e falta de atenção, esses fatores combinados podem contribuir para um possível acidente de trabalho.
Diante desta temática o NEAMBE - Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e Bem-estar Animal, juntamente com o LIMA – Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas, ambos localizados no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (DENA/UFC), estão desenvolvendo pesquisas focando as questões do bem-estar e da ambiência atreladas ao conjunto “homem-máquina-ambiente”, com intuito de identificar os principais pontos críticos e com isso sugerir melhorias tanto no conforto térmico em relação à máquina (calor proveniente do funcionamento do trator) como também na proteção do operador quanto a exposição à radiação solar.
Apesar das atividades agrícolas serem muito antigas, não são encontrados muitos estudos com relação ao conforto térmico do operador de máquinas agrícolas. Assim, estas pesquisas serão feitas com a utilização de aparelhos que medem as variáveis climáticas e também através da observação do comportamento do operador nas condições de trabalho (fadiga, falta de atenção, estresse térmico e etc.), juntamente com o uso da termografia, que consiste em uma técnica que permite mapear a temperatura de uma região (da máquina ou do operador, por exemplo) com intuito de distinguir áreas com diferentes temperaturas. Esta é uma técnica não invasiva de diagnóstico que recentemente vem sendo muito utilizada para este tipo de estudo. Serão feitas medições em várias atividades de mecanização agrícola e em várias horas do dia para que seja possível comparar os efeitos da incidência direta da radiação solar no operador.
Assim, espera-se contribuir com o trabalho do operador de máquinas agrícolas e a partir dos resultados encontrados, sugerir melhorias tanto na proteção contra a radiação solar como também no desempenho de uma atividade mais segura e que garanta melhores condições de bem-estar ao trabalhador do campo.
Artigo originalmente publicado em 3/12/2013
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