A citricultura se destaca como uma das mais importantes atividades do agronegócio brasileiro. A Região Nordeste responde por 9% da produção nacional, constituindo-se na segunda maior região produtora do país, com mais de 110.000 hectares cultivados produzindo cerca de 1,5 milhões de toneladas. Dentre os estados produtores, o destaque fica com Bahia e Sergipe, que representam juntos 90% da área plantada com citros da região. A produtividade dos citros no Brasil (20 t/ha) é considerada baixa se comparada com a dos Estados Unidos que está em torno de 33 t/ha. Na região Nordeste, incluindo o Estado de Sergipe a média de produtividade é ainda menor, ficando em torno de 14 t/ha. Esta baixa produtividade está fortemente associada à incidência de doenças, com significativos reflexos nos custos de produção; ao plantio sem irrigação e a estreita base genética das plantas. Em Sergipe a citricultura tem grande importância econômica e social é importante fonte de trabalho e renda. A região Centro-Sul do Estado concentra a produção e nela se destacam os municípios produtores Arauá, Boquim, Cristinápolis, Itabaianinha, Indiaroba, Salgado, Tomar do Geru, Pedrinhas, Santa Luzia do Itanhy, Lagarto, Riachão do Dantas, Itaporanga d'Ajuda e Estância. Dentre as propriedades citrícolas, 80% possuem área inferior a 10 hectares.
Um dos grandes desafios que o produtor de citros precisa vencer para melhorar a produtividade dos pomares é o convívio com as doenças. A podridão floral dos citros, conhecida popularmente como “estrelinha” é uma das principais doenças dos citros e tem como agente causal o fungo Colletotrichum acutatum. Este fungo infecta as flores das plantas que ficam com manchas de coloração marrom, pêssego ou rósea-alaranjado (Figura 1). A infecção também pode ocorrer antes mesmo da abertura dos botões florais, provocando a completa podridão das flores. Os frutos recém-formados caem, e os discos basais, cálices e pedúnculos ficam fortemente aderidos aos ramos e recebem o nome de “estrelinhas” (Figura 2). Estas “estrelinhas” podem permanecer nas plantas por um período de até 18 meses. Muitos dos ramos que apresentam estas estruturas, geralmente não florescem, e isto compromete a florada seguinte.
Figura 1. Sintomas da podridão floral dos citros causados pelo fungo Colletotrichum acutatum
Figura 2. Sintoma típico da podridão floral dos citros denominado “estrelinha” após a queda dos frutos devido à infecção pelo fungo Colletotrichum acutatum
Condições que propiciam mais de uma florada dos citros, ou variedades que florescem mais de uma vez por ano favorecem a ocorrência da doença. Na região de Sergipe e Bahia, onde a florada dos citros é desuniforme a doença é altamente prejudicial à produção e de difícil controle. O controle da doença baseia-se, quase que exclusivamente na aplicação de fungicidas na época da florada. Entretanto, mesmo em condições adequadas, a pulverização de fungicidas não tem alcançado o nível de controle desejado.
Dentre os fatores que podem influenciar na efetividade dos tratamentos incluem-se: a escolha do fungicida, a época de pulverização e respectivo estádio de florescimento. Além disso, o fungo pode se tornar resistente a fungicidas de ação específica. E ainda, os custos financeiros e ambientais do uso de fungicidas bem como às crescentes restrições à presença de resíduos nos frutos colhidos, requerem o estudo de novas alternativas de controle desta doença. Portanto, existe uma forte demanda do setor citrícola a formas alternativas de controle da “estrelinha”. Estudar o progresso desta doença em diferentes combinações de copa e porta enxerto de citros poderá ser um indicativo de que existe a possibilidade de manejar a doença por meio da resistência genética. Estudos neste sentido estão sendo realizados pela Embrapa Tabuleiros Costeiros no Campo Experimental de Umbaúba em áreas experimentais com cultivo de citros em produção.
|