Foi sancionada pela Presidente Dilma a Lei Nº 12.787, de 11 de janeiro de 2013 que trata da Política Nacional de Irrigação. Depois de 17 anos circulando e sendo discutida no Congresso Nacional temos um marco regulatório que deve receber uma atenção especial dos diferentes gestores públicos, especialmente dos prefeitos das pequenas cidades, onde a dependência das transferências de recursos financeiros da União e dos Estados é muito grande, por representar a parcela maior de suas receitas.
Grande parte dos municípios que abrigam pequenas cidades costuma ter na agropecuária sua principal fonte de renda e muitas vezes não percebem que é neste setor que podem se desenvolver melhor sócio-economicamente. A área de agricultura irrigada ainda não é expressiva nestes municípios e as receitas da agropecuária são dependentes das chuvas, cada vez mais irregulares, intensas e trazem instabilidade na produção. Com irrigação, dobra-se o número de cultivo, a produção e antes disso, a comercialização de insumos dinamiza a região. Que o digam o antes "Mimoso", hoje Luís Eduardo Magalhães e Cristalina, para ficar em exemplos de municípios que apostaram nos sistemas de irrigação e colheram muito mais do que grãos.
A Política Nacional de Irrigação deverá ser implantada pelo Governo Federal, quanto maior o interesse por ela, mais rápidos os instrumentos previstos serão efetivados.
Os objetivos da Política Nacional de Irrigação são incentivar e ampliar a área irrigada, aumentar a produtividade das culturas com redução dos riscos climáticos e promover o desenvolvimento local e regional e para tanto, está prevista a capacitação de pessoas, fomentando a geração e transferência de tecnologias relacionadas a irrigação.
Nos princípios da Política Nacional de Irrigação se destacam as palavras sustentável, integração, articulação e gestão democrática e participativa.
São instrumentos da Política Nacional de Irrigação, os Planos e Projetos de Irrigação, o Sistema Nacional de Informações sobre Irrigação, os incentivos fiscais, o crédito e o seguro rural, a formação de recursos humanos, a pesquisa científica e tecnológica, a assistência técnica e a extensão rural, as tarifas especiais de energia elétrica para irrigação, a certificação dos projetos de irrigação, o Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (FIP-IE) e a criação do Conselho Nacional de Irrigação.
Dessa maneira, é hora de se interessar pelo tema e começar a articulação com seu vizinho, em cada associação, cooperativa, Secretaria Municipal, Prefeitura, entre outros, pois os instrumentos previstos em Lei são os adequados, contemplando o que é necessário para melhorarmos a eficiência das áreas irrigadas e ainda ampliá-las.
Basta implementá-los, mas para tanto, há que haver interessados! Vamos aproveitar os efeitos multiplicadores da agricultura irrigada! E mãos à obra!
Fernando Braz Tangerino Hernandez é engenheiro agrônomo e professor titular da Área de Hidráulica e Irrigação da Unesp de Ilha Solteira. www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php
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Maurício Carvalho de Oliveira
26/02/2013 - 09:33
Professor Tangerino, É relevante que o país disponha de um diploma legal que regule e busque impulsionar a agricultura irrigada, pelo papel que a mesma poderá desempenhar no contexto do desenvolvimento socioeconômico da nação. Entretanto, inúmeros outros fatores deverão ser mobilizados ao longo dos anos para que se possa construir uma chamada "cultura da irrigação" no Brasil. É preciso estar ciente de que o poder público, em todas as suas esferas, tem suas fragilidades estruturais congênitas. Infraestrutura e logística são aspectos básicos para apoiar o desenvolvimento agropecuário e são gargalos que precisam ser trabalhados com afinco. A legislação ambiental caótica, restritiva, policialesca é outra barreira que necessita habilidade política e educação dos órgãos ambientais, que devem trabalhar a favor da sociedade e não contra ela. Produzir alimentos e preservar a natureza é o objetivo do agricultor. O município, unidade base da Federação, vive na penúria, a cuidar de doenças e não de prevenção. Planejamento é algo impensável para as administrações públicas - e quando o faz são ilações da cabeça de burocratas, dissociados da realidade. Resta então a iniciativa privada, e você bem cita Cristalina e Luis Eduardo Magalhães. Sim. São Exemplos onde empreendedores abriram espaço e avançaram rumo a modernidade. Esse é a meu ver o caminho - e as escolas oferecendo boa formação técnica. O resto o mercado regula.
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