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Mantida pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista opera com nove estações automáticas que monitoram as variações do tempo para subsidiar projetos de pesquisa e o manejo racional da agricultura irrigada e ambiental. A tecnologia pode reduzir até 30% o custo de produção nas lavouras, aumentando a lucratividade com ganhos de produtividade da mesma ordem.
Fernando Tangerino, professor em Irrigação e Drenagem na UNESP Ilha Solteira, afirma que o principal benefício para a irrigação é a possibilidade de calcular com precisão a quantidade necessária de água aplicada nas culturas. Entre outras informações, os instrumentos registram também a temperatura e umidade do ar, velocidade e direção do vento, radiação solar, chuva e pressão atmosférica.
“Um conjunto de sensores agrupados compõem uma estação agrometeorológica. E uma rede agrometeorológica é um conjunto de estações. Aqui na região, além de disponibilizar variáveis climáticas a cada cinco minutos, a cada hora e a cada 24 horas, a rede também estima a evapotranspiração, que é a quantidade de água perdida por evaporação do solo e transpiração das plantas, visando reposição pela chuva ou irrigação para máxima produtividade. É possível conhecer todas as condições climáticas que incidiram sobre a cultura durante seu ciclo e com isso trazer várias referências”, explica.
Desde 2011, o banco de dados climáticos pode ser acessado gratuitamente pelos produtores e interessados via internet, em tempo real ou em base histórica por meio do Canal Clima da UNESP Ilha Solteira. Além de aumentar a eficiência do uso da água, a lucratividade agrícola e a preservação dos recursos hídricos, o conhecimento da evapotranspiração de uma região serve para nortear projetos de sistemas de irrigação. A interface também atende aos interesses de outros estudos e consultorias para análises climáticas e licenciamento ambiental de empreendimentos locais.
Tangerino explica as diferenças entre os equipamentos disponíveis no mercado, avalia o funcionamento dos modelos existentes e a necessidade de capacitação.
“A tecnologia está disponível, talvez o grande limitante seja saber o que fazer com esses dados, isso exige certa capacitação. Há dois tipos de estações meteorológicas: as compactas que são plug and play, muito fáceis de operar, tem o preço menor, tem uma precisão, uma vida útil de sensor mais modesta. E tem como principal limitação a impossibilidade de se programar.
Elas já estão prontas, algumas disponibilizam os dados a cada 5 minutos, outra a cada hora, a cada 4 horas, a cada 24 horas. E já fazem as contas necessárias pra chegar a evapotranspiração de referência. A partir dessas estações você pode fazer o manejo da irrigação. É possível alinhar a linha de plantio, suspender uma irrigação porque a umidade relativa está muito baixa, suspender porque o vento está forte, prever suscetibilidade a doenças. E existem estações que são sistemas de aquisição de dados em que se pode colocar diferentes sensores de maneira conveniente à atuação profissional.
Essas estações são mais caras, há a necessidade de conhecimento de programação e portanto são utilizadas em universidades, institutos de pesquisa, cooperativas. E quando se compõe uma rede agrometeorológica normalmente é operada por um órgão público. A composição de cada estação que forma a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista tem um custo de quase 17 mil dólares sem imposto. Já as estações compactas, dependendo do número de sensores e da precisão na estimativa da evapotranspiração, custam de seis a 24 mil reais. “Essas estações podem ou não transmitir os dados em tempo real pela internet, isso depende de quanto se está disposto a investir”, revela.
De acordo com Fernando, para enfrentar o desafio de melhorar cada vez mais a eficiência do uso da água na agricultura e combater o desperdício em todas as esferas sociais é fundamental investir na geração e disponibilização de informação de qualidade.
“Basicamente o desafio é fazer toda a sociedade usar a água com mais eficiência e combater o desperdício. Na agricultura é produzir mais alimentos com menos água. Isso se faz primeiro com convencimento e esclarecimento. E a UNESP Ilha Solteira faz através da oferta de seis canais de comunicação distintos visando esclarecer uma quantidade ampla de setores da sociedade, o que inclui diferentes níveis culturais ou técnicos e também com nossas palestras e cursos, além das aulas. Na outra ponta está prover coeficientes e conhecimento técnico adequado, moderno e condizente com as novas variedades do mercado. Está em pesquisar e divulgar, por exemplo, coeficientes de cultura e também estudos que chegam à produtividade da água, ou seja, quanto de água o irrigante usou para fazer cada quilo de alimento produzido. Isso pode ser feito em escala de propriedade ou em escala de bacia hidrográfica, município ou região, como um poderoso instrumento de gestão”, conclui.
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