É por demais conhecida a importância da irrigação como fator de aumento da produtividade agrícola nas regiões em que a pluviosidade é insuficiente para o desenvolvimento das culturas. A tecnologia está completamente dominada no mundo todo com expressivos ganhos de competitividade dos produtores.
De acordo com a FAO, existem hoje no mundo cerca de 1,533 bilhão de hectares cultivados com produtos permanentes ou temporários, dos quais 18%, isto é, 278 milhões de hectares são irrigados, produzindo 44% da produção agrícola mundial.
Os dados da FAO se referem ao ano 2000, quando a Índia já tinha mais de 57 milhões de hectares irrigados, a China mais de 53 milhões, os Estados Unidos superavam 25 milhões, sendo os três maiores neste setor.
O Censo de 2006 divulgado pelo IBGE mostrou que o Brasil irrigava 4,45 milhões de hectares, um aumento significativo de 1,8 milhão desde o último Censo, de 1996, quando a área era de 2,66 milhões de hectares.
Mesmo assim, o Brasil ainda está abaixo de países como o Paquistão, Irã, México, Tailândia, Turquia, Namíbia e outros.
No entanto, a própria FAO acredita que o potencial das áreas ainda para irrigar em todo o planeta é de 188 milhões de hectares, enquanto o Brasil pode aumentar seu perímetro irrigado em 25 milhões de hectares. Isto significa que nosso país tem 13% do potencial mundial de aumento de áreas irrigadas.
Estudos realizados pelo governo brasileiro comprovam os dados da FAO: de fato, podemos irrigar quase 30 milhões de hectares (considerando os já trabalhados), levando em conta a disponibilidade de recursos hídricos sem o risco de conflitos com outros usos prioritários para a água e atendendo às exigências da legislação ambiental e florestal, de forma que a expansão da agricultura irrigada seja sustentável.
Segundo Christofidis e Goretti (revista Item, n° 83/84) de 1975 a 2006 (ano do Censo Agropecuário), 137 mil hectares de terra foram anualmente (em média), incorporados à superfície irrigada brasileira. Atualmente, as lavouras com maiores áreas irrigadas são: cana-de-açúcar (+ de 1,7 milhão de hectares), arroz (+ de 1,2 milhão), soja (620 mil), milho (560 mil), feijão (315 mil), café (260 mil) e laranja (150 mil).
Ainda de acordo com o Censo, 30% da área irrigada nacional era por inundação ou sulcos, representada sobretudo pelo arroz do Rio Grande do Sul. E as irrigações por aspersão ou gotejamento representavam 70% do total.
Aliás, o Rio Grande do Sul é o estado que mais irriga (990 mil hectares), seguido de São Paulo (770 mil), Minas Gerais (525 mil), Bahia (300 mil), Goiás (270 mil) e Espírito Santo (210 mil).
Temos muito a evoluir neste setor, e muito a ganhar para a agricultura brasileira.
Mas precisamos de uma estratégia definida, com metas objetivas e adequação da legislação, sobretudo a ambiental. A recente classificação da caatinga como mata atlântica, é um exemplo de como a irrigação pode ser atrapalhada em nosso país.
|