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28,5 bilhões de toneladas de leite. Esse foi o número da produção do Brasil em 2009, e não paramos por aí, para 2010 a previsão é alcançar 30,2 bilhões de toneladas, o que nos credenciará entre os maiores produtores do mundo segundo dados da Anualpec, 2010.
Mas falar de volume apenas não é suficiente, competitividade e preço forte se fazem com um outro termo aliado, a produtividade, e quando abordamos a questão por este prisma, torna-se evidente que ainda temos alguns caminhos a desbravar. Alguns fatores das equações brasileiras sobre produção média/vaca, produção/ha/ano, entre outras, ainda deixam a desejar para um país que almeja um papel melhor e mais atuante no cenário internacional.
No entanto, para que se obtenha esse aumento em produtividade, é necessária utilização contínua e orquestrada de ferramentas como genética, manejo reprodutivo, bem-estar animal, sanidade e nutrição adequadas, evitando-se assim gastos e ampliações desnecessárias com rebanhos ou áreas produtivas: a afamada eficiência produtiva.
Aliado às buscas para o aumento desses índices, observa-se ainda a necessidade da melhoria da qualidade do leite na produção nacional, sendo esse, um dos grandes desafios para a atividade, possibilitando a abertura de barreiras comerciais e qualificação de nossos preços.
Segundo a Instrução Normativa 51 (IN 51), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país, os indicadores de qualidade são divididos em: Indicadores de qualidade composicional (% de gordura, % de proteína e % de extrato seco desengordurado) e indicadores de qualidade higiênico-sanitários (contagem de células somáticas e contagem bacteriana total), sendo este último um dos maiores gargalos do sistema leiteiro nacional.
Como em todos os animais, o sistema imunológico encontra-se indelevelmente vinculado a uma boa nutrição. Dessa forma uma maneira inteligente e profilática para o problema pode ser a simples utilização de tecnologias de ponta nesse quesito, garantindo um melhor manejo sanitário do rebanho.
O leite é composto por água, gordura, proteína, açúcares, minerais e vitaminas. Esses componentes variam conforme a raça e o manejo nutricional do rebanho. Dessa forma, segundo a IN 51 os limites mínimos de gordura, proteína e extrato seco desengordurado são 3,0%, 2,9% e 8,4% respectivamente. Atualmente, a indústria tem se preocupado em bonificar o produtor pela melhor qualidade de seu produto, fazendo com que o rendimento do processamento e transformação da matéria-prima "leite" em derivados como manteiga, iogurtes e queijos, seja maior. O contrário também é verdadeiro, ou seja, os produtores que não obtêm o leite com qualidade composicional mínima são penalizados no preço final, uma vez que esse fator qualitativo prejudica o rendimento na indústria.
Entre os componentes nutricionais de uma dieta balanceada, podemos citar a quantidade e qualidade da fibra fornecida, teor de gordura e energia na dieta, relação volumoso/concentrado, teor de proteína na dieta e uso de aditivos. A digestão dos alimentos fornecidos às vacas passa por uma câmara de fermentação chamada rúmen, onde alguns dos produtos desse processo são os chamados ácidos graxos voláteis AGVs. Os AGVs produzidos em maior quantidade são o acético, butírico e propiônico, sendo o acético precursor de gordura no leite e o propiônico de açúcar.
A produção de ácido acético é resultante da fermentação da fração fibrosa da dieta, portanto um adequado balanceamento da fibra em dietas de vacas em lactação é muito importante para garantir a produção mínima de gordura. Por outro lado, podemos maximizar a degradação dessa fibra utilizando aditivos que favorecem o crescimento de bactérias celulolíticas produtoras de acetato.
Nesse contexto podemos contar com o auxílio dos aditivos alimentares para controlar estas situações. Estes são substâncias orgânicas ou não, com características nutricionais ou não, que podem ser adicionados aos alimentos visando à melhoria no aproveitamento dos mesmos.
Entre os aditivos, podemos destacar o uso de probióticos (leveduras), ácido-graxos graxos essenciais como o oléico, aminoácidos, ionóforos antimicrobianos. Essas substâncias aumentam o crescimento de bactérias benéficas no interior do rúmen ou as selecionam em detrimento às bactérias que representam baixa eficiência energética, como as produtoras de metano.
Dessa forma, além do efeito da qualidade no produto final, como o aumento no teor de sólidos, é possível ainda um leite com apelo ecológico, uma vez que contribuímos para a redução de gases causadores do efeito estufa como o metano. Esse mecanismo funciona com as leveduras que atuam no interior do rúmen melhorando o meio para bactérias celulolíticas crescerem, sequestrando O2 e estabilizando o pH para crescimento, dependendo da quantidade de concentrado fornecido.
Outro aspecto da nutrição pode ser evidenciado na utilização de polímeros de ácidos graxos essenciais, que têm o efeito bactericida, e assim como o oléico e, juntamente com o aditivo virginiamicina, atuam no combate às bactérias metanogênicas e produtoras de ácido lático, melhorando a eficiência energética da dieta. O ácido lático reduz o pH ruminal a níveis críticos, comprometendo o crescimento de bactérias celulolíticas e a produção de gordura.
O uso dos aditivos também contribui para melhora na ingestão e aproveitamento da matéria seca da dieta, consequentemente, podemos prever um aumento na produção ocasionada pela maior quantidade de nutrientes que chegam ao duodeno dos animais para serem absorvidos.
Levando-se em consideração apenas os índices qualitativos composicionais do leite como gordura e proteína pode-se aumentar de 0,1 a 0,7 pontos percentuais para gordura e 0,1 a 0,3 pontos percentuais para proteína, caso existam problemas desses índices nos rebanhos. Isso pode representar até R$ 0,10/litro de leite ou mais como bonificação, dependendo da indústria.
Sendo assim, o uso de aditivos alimentares com o intuito de manipular a fermentação ruminal e melhoria na qualidade de composição do leite, tem se tornado uma alternativa viável ao produtor. Vale lembrar sempre que é necessário realizar o planejamento nutricional do rebanho levando em consideração benefício x investimento positivo, além do manejo sanit&a
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