A Brachiaria Ruziziensis é uma planta originária da África, perene, estolonífera, composta por rizomas curtos, talo piloso, folhas lanceoladas, de cor verde claro, inflorescência em forma de raques em fita e plana, com floração nos meses de dezembro e janeiro no hemisfério sul. Essa planta possui muito boa palatabilidade e digestibilidade, é bem precoce, com boa velocidade de rebrota, níveis de proteína entre 11 e 13%. O seu plantio pode ser realizado desde o nível do mar até 1.800 m de altitude, nas latitudes de 0 a 25 graus norte ou sul. É indicada especialmente para bovinos, embora eqüinos ovinos e caprinos a consumam, porém por problemas de fotossensibilização e níveis de oxalatos não seja a mais recomendada. Essa planta se comporta bem em solos de fertilidade média a alta, tem razoável tolerância ao frio, baixa tolerância a umidade e média tolerância à seca. Apresenta excelente velocidade de recuperação após as primeiras chuvas, no final da seca o que lhe da bom destaque para plantio na região nordeste e centro-oeste do Brasil. Uma parcela desse material foi trabalhado e modificado através da aplicação de hormonais como a colchicina, para mudança da sua condição diplóide, apomítico para tetraplóide sexual que foi denominado clone 44-6 o que permitiu o início dos trabalhos de produção de híbridos realizados pela investigadora Dra. Cacilda Borges do Valle – Embrapa e Dr. John W. Miles - Ciat.
Essa planta vem sendo muito utilizada no sistema de plantio direto na palha e em esse sistema devemos manejá-la, observando as técnicas que são preconizadas para tal e que visam melhorar as condições ambientais, respeitando-se três requisitos mínimos, que são:
ᶲ Não fazer o revolvimento do solo; quando revolvemos o solo com aração e gradagem perdemos o carbono acumulado no processo.
ᶲ Executar a rotação de culturas; nestes processos de alta produção, ocorrem maior depósito e acúmulo de resíduos; folhas, talos e raízes que favorecem a fixação de C no solo.
ᶲ Formar palhada para proteger o solo, através de triticale, mileto, milho, aveia e brachiarias, dentre estas a ruziziensis que possui um sistema radicular profundo e propicia maior acúmulo de carbono quando comparados com as raízes da soja e do trigo que são mais superficiais. A matéria orgânica promove mudanças amplas no solo, aumenta a aeração e a retenção de umidade. Fisicamente, melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a retenção de água, a aeração, a penetração e distribuição das raízes. Quimicamente, é a principal fonte de macro e micronutrientes às plantas e responsável pela sua disponibilidade, devido à elevação do pH; aumenta a sua retenção, evitando perdas. Biologicamente, aumenta a atividade dos microorganismos do solo, por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl, 1981; 1985). Para se ter sustentabilidade as atividades produtivas – sejam agropecuárias, florestais ou agroflorestais necessitam ser:
socialmente justas;
economicamente viáveis;
Cultural e ambientalmente aceitáveis.
Devemos tratar a terra com respeito, buscar rentabilidade e manter o solo produtivo, sem degradar os recursos ambientais, principalmente, a água. Quando agregamos ao solo 1% de matéria orgânica na camada dos 30 cm iniciais aumentamos a retenção de água em quase 17 litros por m2 ou 170.000 litros por ha.
Outro fator de suma importância nessas relações de trabalho é a observância do balanço de nutrientes. Quando exportamos nitrogênio do sistema por perdas, altas produções e outros, acima dos níveis fornecidos pela fertilização química ou FBN, não teremos acumulo de C no solo. Isto acontece devido a que a relação C:N da matéria orgânica do solo se encontrar na faixa de 10:1 a 13:1, assim, para acumular de 10 a 13 unidades de C necessitaremos de uma unidade de N. Caso ocorra a perda de uma unidade de N no solo, teremos a redução de 10 a 13 unidades de C. O uso dos fertilizantes verdes melhora o ingresso e abaixam o custo da adição de MO no solo.
A manutenção desse equilíbrio dependerá dos processos executados e da velocidade de decomposição dos distintos materiais no solo. Quanto menor a relação C/N, mais rápida e fácil será a decomposição. Materiais ricos em nitrogênio como os estercos e palhas de leguminosas possuem menores valores variando de 10 a 30:1 e nas palhadas de gramíneas e outros varia de 35:1 a 100:1. No caso da Brachiaria ruziziencis sua relação é de 40:1. Se as palhada agregadas sobre o solo lhe adicionarmos rocha fosfórica (fonte de cálcio e fósforo) ou outra fonte de fósforo como os fosfatos reativos acrescidos de silicatos. A fixação de nitrogênio por Azotobacter pode aumentar muito, já que pode fixar até 225 kg/ha/ano, em solos orgânicos. O sistema produtivo nos trópicos deve estar fundamentado na reciclagem da M.O. Mais de 80 % dos nutrientes estão na biomassa da M.O.
A necessidade é diminuir a quantidade de CO2 na atmosfera e incluí-lo no ciclo biótico de um ecossistema. Com a perda de carbono orgânico o solo perde sua capacidade para armazenar e reter a chuva. Nos últimos 150 anos se perdeu cerca de 50 a 80% do carbono orgânico por ação ambiental. A diferença nos estoques de C entre solos sob a mesma vegetação é influenciada fortemente pela textura do solo. A MOS é retida no solo em função da superfície específica da suas partículas, portanto os estoques de C nos solos de textura fina (argilosos) são bem maiores que em solos de textura grossa (arenosos). A observação dos processos de transformação ocorridos no solo para disponibilização, reciclarem de nutrientes, preservação da umidade e seqüestro de carbono do meio é que nos permitirão alta redução dos custos financeiros e ambientais.
|