A busca constante em atenuar o árduo trabalho na terra e à crescente demanda de produtos agrícolas exige uma intensa modernização deste setor e, consequentemente uma crescente necessidade de utilização de máquinas, visando facilitar o trabalho e obter maior produção. Nesse contexto, o trator é uma máquina indispensável para o setor, pois como define Schlosser, o trator é uma unidade móvel de potência em que se acoplam implementos e máquinas com diversas funções, tendo suas características voltadas para o uso nas operações agrícolas.
Se por um lado o aumento constante de unidades dessa máquina fundamental para o setor agrícola pode facilitar o trabalho e melhorar a produção, por outro, certamente irá causar um aumento no número de acidentes relacionados à função, principalmente se não forem intensificadas campanhas de orientação sobre regras básicas de operação, medidas de segurança e prevenção de acidentes. Existem referências na literatura afirmando que a utilização intensa de máquinas agrícolas ampliou consideravelmente os riscos a que estão sujeitos os trabalhadores rurais, e mais de 60% das mortes ocorridas em acidentes de trabalho no setor agrário são consequências da mecanização agrícola. Silva & Furlani, referem que o trator é um dos elementos envolvidos na maior parte dos acidentes graves ocorridos no setor.
Em todo o mundo, vários estudos reportam a incidência de acidentes na agricultura, salientando dados como: envolvimento ou não das máquinas, tipo de trauma, idade dos acometidos e principalmente o modo de ocorrência, objetivando basicamente analisar e estabelecer medidas de prevenção das lesões. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, o trabalho agrícola é uma das ocupações de maior risco, sendo que as máquinas estão envolvidas em grande parte dos acidentes. Dados recentes do Departamento de Agricultura (2008) americano, afirma que acidentes com tratores, têm sido identificados como a principal causa de morte ou lesão incapacitante em trabalhadores rurais.
Na Figura 1 observamos que dentre os acidentes com máquinas agrícolas na região do centro-oeste paulista, que estão incluídas: picadeira de cana, misturador de ração, moto-serra, roçadora e trator, os mais frequentes foram com tratores (16 casos), representando 65% de todos esses acidentes no ano de 2009.
Observamos que na maioria dos casos (63%) dos acidentados moravam na cidade e trabalhavam na zona rural. Notamos que em relação à moradia e local de trabalho, os acidentados envolvidos em operações com tratores também seguem um padrão semelhante aos das outras atividades na agricultura, isto é, predominância de indivíduos que residem na cidade e trabalham na zona rural.
Os principais mecanismos onde ocorreu a lesão estão representados na Figura 3,
notamos que o mais frequente foi relacionado ao cardã do trator (37,5%). Nesses casos, o acidentado foi tracionado para a tomada de força através da vestimenta que se enroscou no cardã, ou o indivíduo escorregou e caiu sobre o mesmo. A segunda causa mais freqüente dos acidentes foi capotamento, isto é, o trator tombou sobre o paciente (25%), percentuais estes muito parecidos em diversas regiões do país.
Observando a Tabela 1 podemos notar que as lesões ocasionadas pelos acidentes com tratores são muito graves, sendo que muitos acidentados apresentaram múltiplas lesões.
Entre as máquinas agrícolas, o trator é considerado o maior causador de acidentes, isso se deve ao fato de o mesmo ser a principal fonte de potência para tracionar os mais diversos tipos de equipamentos, mas as máquinas atuais são bastante seguras, sendo a falta de treinamento, falta de conscientização dos operadores os principais fatores que tem contribuído para a ocorrência do acidente. Continua no próximo artigo.
|