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Pedro Zuazo e Juliana Royo
19/03/2010
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As tecnologias rurais são criadas para beneficiar o produtor, facilitar a produção, melhorar a rentabilidade ou para agredir menos o meio ambiente, mas, se usadas de forma abusiva, podem provocar sérios danos. O gesso agrícola é uma importante ferramenta para os produtores da Região do cerrado, porque como o solo da área é mais duro, o enraizamento profundo (além de 20 centímetros) se torna mais complicado e o gesso ajuda neste processo. No entanto, se ele for utilizado em excesso pode acabar contaminando o lençol freático, causando um grave dano ambiental. A dose recomendada de gesso é de 50 vezes o teor de argila, no caso de culturas anuais, e 75 vezes o teor de argila, no caso de culturas perenes.
O pesquisador Djalma Martinhão, da Embrapa Cerrados, diz que, além do prejuízo ambiental, o uso abusivo do gesso agrícola causa prejuízo financeiro. Não adianta fazer aplicações acima dos valores recomendados, pois o solo não vai responder mais, então é um gasto desnecessário. O custo do gesso é relativamente barato (R$ 30 a tonelada), mas pode ficar caro dependendo da localização da propriedade rural. Isto, porque apenas os municípios de Catalão e Uberaba produzem o material e o frete pode sair caro.
— De uma maneira geral, os solos do cerrado possuem alto teor de alumínio e baixo teor de cálcio. Aí as raízes não passam da camada de 20 centímetros (onde se coloca o calcário). O gesso é para melhorar abaixo disso, na camada entre 20 e 60 centímetros. A ideia é: quando o teor de alumínio é superior a 20% da saturação de alumínio e o teor de cálcio abaixo de 0,5% centimol, a gente vai adicionar o gesso para melhor as condições de enraizamento profundo e superar, principalmente, os veranicos que ocorrem nesta região — explica Martinhão.
O produto deve retirar uma amostra de solo na camada profunda, entre 20 e 60 centímetros, deve mandar para análise e saber interpretar o resultado. Segundo Martinhão, não é fundamental a presença de um agrônomo, mas o produtor que for fazer a amostragem deve ser bem cuidadoso e criterioso. Tem que prestar atenção para não contaminar a amostragem com os primeiros 20 centímetros do solo, porque um dos maiores problemas para tomadas de decisões erradas é a realização de amostragens erradas.
Foto: Desenvolvimento de raízes de algodão em profundidade na ausência e na presença de gesso por ocasião da floração plena. (Fonte: Embrapa Cerrados)
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