O rodado de uma máquina é a designação genérica que se dá ao conjunto de órgãos que asseguram à mesma as características de movimento, fornecendo tração útil para as mais variadas operações agrícolas. O princípio utilizado nos rodados para movimentação dos veículos baseia-se na transformação da rotação e do torque do motor em movimento de translação do veículo, através do contato desse sistema com o solo.
As principais funções do rodado são: a) assegurar equilíbrio estável e vão livre compatível com as condições de trabalho agrícola; b) possibilitar direcionamento; e c) desenvolver esforço tratório.
Dentro dessas premissas, dois tipos básicos de construção dos rodados foram desenvolvidos, existindo mais recentemente um terceiro que é uma mescla desses dois primeiros, ou seja: rodados pneumáticos, rodados de esteiras e rodados de semiesteiras. Os tratores agrícolas de rodas pneumáticas continuam sendo, até hoje, os mais utilizados em todo o mundo.
Com a evolução das máquinas, a expansão do agronegócio no mundo e a exigência cada vez maior de potência, o rodado pneumático teve como principais objetivos o aumento da área de contato rodado/solo e a melhoria no amortecimento das imperfeições do solo. A área de contato do rodado é, hoje em dia, um fator decisivo para o estudo da interação rodado/solo, além de possibilitar economias significativas em termos de menor compactação e maior conservação do solo. Os rodados pneumáticos também têm sofrido grandes inovações e incorporações de novas e avançadas tecnologias de fabricação, além da utilização em montagens com rodados duplos e triplos que aumentam significativamente a capacidade de tração e tornam as áreas de contato proporcionalmente maiores.
Os pneus infláveis ou rodados pneumáticos têm como princípio básico a elasticidade de um corpo em forma de tubo circular, preenchido com ar numa determinada pressão de inflação. A esse tubo circular composto basicamente por borracha envolvendo malhas de fibras (de algodão, de aço, etc.) deu-se o nome de "pneu". Em função da severidade do regime de trabalho e as deficiências tecnológicas para construção do pneu e da roda propriamente dita, por muitos anos os rodados pneumáticos exigiam a utilização de outro tubo de borracha mais fina internamente ao pneu para assegurar o regime de confinamento do ar no seu interior. A esse novo elemento deu-se o nome de "câmara de ar". Com a evolução tecnológica vertiginosa, os pneus atuais dispensam o uso da câmara de ar, além de serem extremamente resistentes mais maleáveis e apresentarem uma imensa gama de modelos, fabricantes e formas geométricas do seu corpo externo que entra em contato com o solo (garra). Uma das evoluções mais importantes dos pneus refere-se ao tipo de trama das fibras que passou de diagonal para radial, permitindo uma pressão de inflação menor e, conseqüentemente, uma maior área de contato, para uma mesma carga suportada. Recentemente, a evolução para pneus agrícolas de baixa pressão e alta flutuação (pneus com largura e diâmetro grandes), denominados pela abreviatura BPAF.
A utilização de pneus radiais para tratores agrícolas é, hoje em dia, uma realidade nos EUA e na Europa. Diversas pesquisas têm mostrado que o pneu radial apresenta um desempenho melhor (maior área trabalhada por unidade de tempo, com menor exigência de potência) e menor consumo de combustível, principalmente pelo efeito da rigidez da banda, que reduz a deflexão das garras e, por outro lado, maior deformação dos flancos do pneu, que aumenta a área de contato com o solo. O aumento da área de contato com o solo reduz a patinagem do pneu e diminui a pressão no solo, produzindo menores níveis de compactação devido ao tráfego de tratores e máquinas agrícolas.
Mais recentemente, os engenheiros das indústrias de pneus e de tratores, juntamente com os pesquisadores, têm verificado que os pneus radiais podem trabalhar ainda melhor quando calibrados com “a pressão mais baixa possível, porém ideal, selecionada em função do peso distribuído sobre os rodados”.
Coautor: Dr. Kléber Pereira Lanças (Professor titular da área de Mecânica, Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP/Botucatu)
* O texto é o primeiro de uma série de cinco textos sobre o tema “Características construtivas de pneus agrícolas e efeito da pressão de inflação no desempenho do trator”
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