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Lançada no dia 14 de junho na 20ª Fenadoce, a cultivar de abóbora-gila BRS Portuguesa chega ao Rio Grande do Sul trazendo um resgate cultural para as famílias de descendência portuguesa da região. Isso porque a espécie, comumente produzida em Portugal, faz parte da culinária lusitana há décadas, sendo usada para a produção dos tradicionais doces de gila. No Brasil, foram apresentados os exemplares das cultivares com suas características morfológicas e de produção, suas qualidades, opções de uso e como os agricultores podem obter as sementes.
Essa é a abóbora menos comum do gênero Cucurbita. Algumas pessoas se referem a ela apenas como gila e outras como abóbora-gila. Seus frutos são ovais, a casca é espessa e dura, com duas tonalidades de verde, formando um desenho reticulado, a polpa é branca e fibrosa e as sementes são de cor preta.
Suas sementes podem ser utilizadas de um ano para outro
Com boa secagem e armazenagem, suas sementes podem ser utilizadas de um ano para outro. Ela serve para preparo de doces e pode ser substituída pelo coco ralado na culinária, No entanto, deve-se evitar o plantio próximo a outros tipos de abóboras ou morangas em função de cruzamentos.
— Na parte externa, o fruto lembra uma melancia de tamanho pequeno com a casca extremamente grossa e dura. Já a polpa, é fibrosa, de coloração branca com sementes pretas, diferentemente das outras abóboras do mercado. A abóbora-gila é voltada para um mercado diferenciado. Ela é usada para fazer um doce, conhecido como doce de gila, tradicionalmente português — explica Rosa Lía Barbieri, pesquisadora da Embrapa Clima Temperado.
A polpa é fibrosa de coloração branca
A BRS Portuguesa é uma variedade crioula. A semente foi resgatada pela Embrapa e avaliada durante vários anos. Isso porque a empresa observou que a demanda pelas famílias de descendentes que conheciam essa abóbora era muito grande.
— Eles falavam com saudosismo sobre o doce que as avós preparavam e cujas sementes não eram mais encontradas — conta a pesquisadora.
Esse lançamento faz parte de um projeto de pesquisa segundo o qual a empresa procurou resgatar as variedades crioulas através da pesquisa sobre os materiais e sua demanda. A partir daí, é estabelecido o registro junto ao Ministério da Agricultura para possibilitar que as empresas de sementes produzam comercialmente essas sementes e vendam de maneira que vários agricultores interassados possam comprar e produzir.
Na parte externa, o fruto lembra uma melancia de tamanho pequeno com a casca extremamente grossa e dura
— Ela não é adequada para grandes plantações, mesmo porque é um produto pouco conhecido. Na verdade, essa pesquisa é um resgate cultural através da variedade crioula porque algumas famílias tratam essa variedade como uma cultura de estimação. Geralmente, vemos que as pessoas colocam emoções quando falam da abóbora-gila — afirma Rosa Lía.
Segundo a pesquisadora, as sementes não foram inoculadas com nenhum patógeno, mas em todos esses anos de trabalho não foram detectadas doenças que atacassem a abóbora-gila.
— Se for cultivada com adubação orgânica e não sofrer com falta de água, ela pode chegar a produzir mais de 20 frutos por planta. Já em condições de estresse hídrico, ela produz 10 frutos por planta em média — diz.
Uma característica interessante é sua tolerância a baixas temperaturas. Outras espécies do gênero Cucurbita param de produzir flores quando o inverno se aproxima. Já Cucurbita ficifolia produz frutos mesmo com temperaturas baixas.
— Estudos feitos em outros países mostram ainda que a abóbora-gila pode ser usada como porta-enxerto para melão e pepino, culturas extremamente sensíveis a baixas temperaturas — conta a pesquisadora.
A história
A abóbora-gila foi trazida para o Brasil pelos imigrantes portugueses e açorianos há mais de 200 anos e vem sendo cultivada no Rio Grande do Sul pelos descendentes dessas famílias que passam as sementes de pai para filho.
Ela é usada para fazer um doce, conhecido como doce de gila, tradicionalmente português
No entanto, cada vez mais há relatos de que as pessoas estão deixando de cultivá-la ou porque a quantidade de semente foi muito pequena devido a alguma seca ou porque por algum motivo a semente estragou, entre outros.
Esse material é originário do México, onde já era cultivado pelos astecas. Os espanhóis levaram para a Europa, onde ele foi disseminado e até hoje é incorporado à doceria portuguesa.
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