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Kamila Pitombeira
22/02/2013
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Quando o assunto é a economia verde como modelo sustentável, as opiniões se divergem. Para Ademar Romeiro, economista da Unicamp e membro do Núcleo de Economia Agrícola e Meio Ambiente, o crescimento econômico implica sempre em algum impacto no meio ambiente. No entanto, existem formas de minimizar esse impacto e é para isso que os produtores devem atentar. Por outro lado, tecnologias e projetos que visam produzir com sustentabilidade podem ser menos lucrativos e até causar prejuízos ao produtor. Por isso, muitos especialistas defendem o pagamento por serviços ambientais, visto que seria um reconhecimento do serviço prestado a toda a sociedade.
— Não existe a possibilidade de continuar crescendo sem algum impacto. O que se pretende com a economia verde é possibilitar que os países pobres ou emergentes que precisam crescer possam fazê-lo de maneira menos impactante. É possível fazer isso, pois existem opções tecnológicas que reduzem a quantidade de emissões de resíduos por unidade de produto — afirma o economista.
Pagamento por serviços ambientais é um importante instrumento econômico de política ambiental
Para ele, o sistema agrossilvipastoril, por exemplo, é importante dentro do conceito economia verde. Em primeiro lugar porque se trata de um setor que produz matérias-primas e alimentos de maneira renovável.
— O petróleo, matéria-prima não renovável, ao ser queimado ou usado, provoca um grande impacto, seja em termos de aquecimento global, seja em termos de produtos poluentes jogados ao meio ambiente. Então, a substituição de matérias-primas não renováveis por renováveis implica no menor impacto ambiental — explica.
Em segundo lugar, Romeiro diz que a produção dos renováveis tem que ser sustentável, ou seja, deve continuar sendo renovável. De acordo com ele, ao realizar uma produção vegetal ou animal sustentável, não só possível conservar o ambiente agrícola em longo prazo, mas também produzir serviços ecossistêmicos que beneficiam a todos.
O economista fala também sobre o princípio de precaução e prevenção, princípios estes que têm como objetivo mensurar o risco ambiental de determinado projeto, permitindo assim que o produtor tome as medidas preventivas necessárias ou ainda prevenir o avanço de determinado projeto em situações de risco.
— Existe um risco ambiental que pode ser mensurado probabilisticamente. Nesse caso, não é preciso falar em precaução porque é possível tomar medidas de prevenção e não de precaução. O termo precaução, que deu origem ao princípio da precaução, se refere a situações de risco onde não é possível estimar probabilisticamente a gravidade do risco. Nesse caso, o princípio da precaução diz que é necessário não avançar — conta.
Pagamentos por serviços ambientais
Quando o assunto é o pagamento por serviços ambientais, Romeiro tem opinião definida. Para ele, esse é um importante instrumento econômico de política ambiental porque um agricultor que cumpre as regras de uma agricultura sustentável pode ter certos custos extras que deveriam ser arcados, em parte, pela sociedade.
— Isso porque não é somente o agricultor quem se beneficia, mas sim a sociedade como um todo. Além disso, muitos desses custos os quais ele terá, não são possíveis recuperar com o preço de venda de seu produto. Assim, ele pode ir à falência caso tenha que arcar sozinho com esses recursos. O pagamento por serviços ambientais é um reconhecimento por parte da sociedade de que o produtor produz benefícios para a sociedade e é, dessa maneira, remunerado pelos serviços que presta — conclui o palestrante.
Reportagem exclusiva originalmente publicada em 29/05/2012
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